O Trash the dress já era. Pelo menos, é nisso que apostam alguns fotógrafos do segmento social, que consideram ultrapassada a ideia de detonar o vestido da noiva numa sessão fotográfica. Para esses, a bola da vez é um ensaio que propõe justamente o oposto: o Cherish the dress.
O conceito foi criado por um fotógrafo britânico chamado Chris Hanley. E foi importado por Lucas Lermen, 21, profissional de Caxias do Sul (RS) que atua no mercado do “sim” desde os treze anos de idade. Seu primeiro contato com o Cherish the dress se deu em 2010.
“Logo me identifiquei com a proposta e resolvi ser o pioneiro desses ensaios no Brasil, aliando o conceito ao meu estilo de trabalho. Na época, o Trash the dress era moda, mas sempre achei um tanto ‘agressivo’ demais ao ritual do casamento. Estava atrás de algo mais atemporal, que não fosse uma moda passageira e esse algo foi o Cherish the dress”, explica o gaúcho.
A expressão pode ser traduzida como “acalentar” ou “valorizar” o vestido, o que dá uma pista do que seja o protagonista da sessão. Mas na prática, diz Lucas, o objetivo é destacar o casamento em si, visto como um ritual que merece ser reverenciado. Com isso, o fotógrafo sabe que pode ousar, mas sem passar dos limites. “A grande vantagem é que podemos fazer belas imagens sem estragar ou sujar nada. As lojas que alugam os vestidos têm adorado”, ele brinca.
No que diz respeito aos demais ensaios de noivos, o elemento distintivo do CTD está na escolha das locações – quanto mais glamorosas, melhor: “Optamos por locações que valorizem ainda mais o conceito, como castelos, recepções de hotéis de luxo e até algumas vinícolas, pois temos algumas belíssimas na nossa região da Serra Gaúcha”, ilustra o fotógrafo, satisfeito com a receptividade que sua aposta tem obtido – segundo acredita, o estilo veio para ficar. “Ao invés de estragar, vamos ressaltar tudo que há de bom no vestido e no traje do noivo. E as locações mantêm esse conceito! É isso que vai diferenciar o CTD de outros ensaios pós-wedding”, reforça.
Somando a produção dos noivos e a captação das imagens, uma sessão CTD dura, em média, uma tarde inteira. “Costumo iniciar com algumas imagens mais clássicas, sentir um pouco do clima do casal e a partir daí ousar e criar à vontade”, revela Lucas, acrescentando que não há período determinado para que o ensaio aconteça: pode ser tanto após o casamento como uma semana ou um ano depois.
Regra que vale também para as cerimônias, o pioneiro do Cherish the dress emprega objetivas fixas: “Na minha opinião, são as lentes que funcionam melhor para tudo, pela luminosidade e qualidade ótica. Também acredito que a percepção muda trabalhando com lentes fixas, uma vez que somos obrigados a caminhar para mudar de ângulo. Nesse ‘caminho’, sempre encontramos algo novo para criar e compor uma imagem diferente”, justifica, acrescentando que utiliza objetivas 35, 50 e 85 milímetros. A iluminação, sempre que possível, é natural. “Quando necessário, [uso] algum iluminador de LED ou rebatedor, mas não uso flashes”.
Tudo o mais é ditado pelo “feeling” do fotógrafo. “Sinceramente, não sigo nenhum roteiro, nem penso em que imagens não podem faltar. Isso me faria trabalhar um tanto preso e alienado aos meus próprios conceitos”, avalia Lucas. “Não me preocupo se tem sol ou o tempo está nublado, pois cada clima, cada local e cada ensaio podem render belas imagens e diferentes uma das outras. Se idealizo alguma imagem no dia, procuro não fazer no início da sessão, pois todo ensaio tem um timing natural. O melhor de cada casal nunca está nos primeiros cliques. Costumam estar mais soltos após 30 ou 40 minutos”, afirma. Para ele, o que determina o êxito do ensaio é seu “tempo de validade”: “Quero que os casais e as famílias vejam as fotos daqui a muitos anos e ainda gostem do que estão vendo!”