É comum, em fotografia, uma certa dificuldade para entender o que é a “velocidade” de uma objetiva. A velocidade do obturador todo mundo entende, mas a velocidade da objetiva é um assunto confuso, principalmente por se usar o termo “fast”, que possui um monte de significados em português, desde “jejum”, passando por “rápido”, até “encalhado”. Assim, vamos ficar com o “fast” como rápido, por ser não só seu sentido mais comum, mas também uma forma de designar as objetivas que possuem grandes aberturas, geralmente indicadas por um número que determina sua capacidade ótica e que pode ser representado por um “f/nº”, naquela ordem inversa que você já conhece: quanto menor o número, maior é a abertura…
Mas o quanto o “fast” é rápido na verdade? Ou o que é necessário para que uma objetiva seja considerada “fast?
Tudo gira em torno da sua abertura máxima. Assim, quando se fala de objetivas zoom, por exemplo, uma abertura de f/2.8 é admitida como “fast”. Mas quando o assunto se refere àquelas objetivas mais básicas, dependendo do esmero de sua fabricação e do tipo de trabalho para o qual foram projetadas, as aberturas podem estar entre f/1.4 e f/2.0, com a preferência para a primeira marca. Qualquer abertura aquém de f/1.4 fica por conta dos chamados “tipos exóticos” no mundo das objetivas e que serão vistos adiante.
Dessa forma, o termo “fast” é usado para definir aquelas objetivas que, com aberturas maiores, permitem que se façam fotos com uma velocidade de disparo relativamente alta, sob condições de iluminação que não seriam aceitas por outras objetivas com aberturas menores e tidas como “escuras”, por admitirem menor luminosidade. Por isso, uma objetiva “fast”, rápida, é conhecida como “clara”, já que permite fotos com pouca luz e até mesmo com a câmera na mão. Com velocidades mais altas do que o comum elas conseguem o congelamento de ações, com menor perigo de imagens tremidas à despeito da luz, além do que, com uma abertura maior, você encolhe bastante a profundidade de campo, destacando assim o motivo principal da foto.
Por que você precisa de uma “fast”?
Se você costuma trabalhar em locais com pouca luz, como recepções, ou espetáculos teatrais, vai precisar de uma objetiva com uma abertura que aceite a iluminação local. Fotógrafos de casamentos constatam essa necessidade, ainda que usem flashes e iluminadores, quando se deparam com a luz limitada das igrejas. Por outro lado, os fotógrafos esportivos, que congelam ações e isolam pessoas, geralmente trabalham com grandes aberturas.
E por que, geralmente, as lentes rápidas são mais caras?
O vidro ótico é sempre a parte mais cara de qualquer objetiva, já que requer um tratamento de grande precisão, desde o cozimento e a fundição do cristal, até seu polimento final . Todo esse procedimento se reflete no custo da objetiva e o preço para o consumidor chega a uma pequena fortuna.
Mas, com tudo isso, vamos deixar os custos de lado e desfilar algumas objetivas “fast” famosas:
* Canon 50mm USM, f/1.2 : é a líder na faixa dos 50mm. Extremamente clara, proporciona fotos nítidas mesmo com baixíssima iluminação. Não está sozinha e faz dupla com a Canon EF 85mm, que possui idêntica abertura. Ambas produzem uma profundidade de campo bem reduzida, adotam o sistema EOS, possuem autofoco e são as preferidas para retratos.
* Outra boa pedida é a Nikkor 50mm, f/1.2 que, todavia, só possui foco manual. Caso prefira o foco automático você tem a mesma objetiva com abertura f/1.4. A 50mm, f/1.2, todavia, conta com numerosos adeptos, que a utilizam desde 1978, quando foi lançada. Atualmente sua produção foi bastante reduzida, muito embora ainda seja a objetiva mais popular da Nikon entre os fotógrafos avançados.
* Para o público da Fuji, a marca oferece a série XF, com a XF 56mm, f/1.2, e sua parceira XF 56mm, f/1.2R- APD, com um filtro especial para a manipulação do bokeh.
* A Panasonic LUMIX é atendida pela Leica DG Nocticrom 42.5mm, f/1.2. Essa objetiva trabalha não só na Panasonic, como na Olympus.
As fora-de-série no mercado.
Objetivas com aberturas f/1.8, f/1.4 e f/1.2, são as lentes rápidas mais comuns no mercado, mas na verdade, no ranking das objetivas há algumas peças feitas para atender a um público sofisticado, e que paga altos preços por objetivas que só a eles interessam. Assim, para quem busca algo muito especial, a alemã Voigtlander oferece a linha Nokton, com abertura f/0.95 e preço sob consulta!
Pelo painel que o mercado oferece, o público consumidor dessas objetivas acaba não sendo tão pequeno e restrito quanto se possa pensar e assim outras marcas oferecem objetivas mais elaboradas como a Rokinon, que produz uma 50mm, f/1.2 para as linhas Sony E (APS-C), Canon EF-M e Fujifilm X. Ainda com o selo Rokinon, temos a série Magic, com uma 50mm, f/0.95, para as câmeras Fujifilm X e Sony E (APS-C), com preços que oscilam entre $2.800 e $3.400.
Mesmo dentre as mais “exóticas” há uma série que é super específica, como a Leica Noctilux M 50mm, f/0.95 APSH, por US$3.800, considerada a objetiva mais rápida do mundo, embora muita gente defenda o título para a dupla Noctilux 50mm f/1.2 e sua parceira 50mm, f/1.0, ambas quase “míticas” entre os apreciadores.
Mas, sem dúvida, a objetiva que mais provoca suspiros, em quem a conhece, é a Zeiss Planar 50mm, f/0.7 desenhada especialmente para fotografar o lado escuro da lua nas missões Apollo. O diretor cinematográfico Stanley Kubrick possuiu quatro, a $10.000 cada…
A Canon produziu uma 65mm, f/0.75, com foco manual na linha FD, enquanto a série EOS contou com uma 50mm f/1.0 e outra 50mm f/0.95, com preços por volta de $2.000.
A Nikon 58mm Noct-NiKKOR f/1.2 é talvez uma das mais preferidas do mercado e possui um elemento esférico desenhado especialmente para reduzir reflexos e eliminar pontos de luz, com preço na mesma faixa.
Para fechar a lista, a Minolta, antes de ser comprada pela Sony, apresentou uma 58mm f/1.2, na série ROKKOR X, com ótimos resultados, por volta de $1.800.
E já que falamos em objetivas exóticas não se pode esquecer a lendária e caríssima Zeiss Super Q-Gigantar 40mm f/0.33, com preço sob consulta e capaz de fazer um portrait apenas com a luz de um isqueiro acendendo um cigarro…
Agora, voltando à nossa realidade: muito embora não sejam as mais baratas, nem todas as objetivas “fast” arrasam a conta bancária, se considerarmos que a f/1.8 é a preferida graças ao seu custo-benefício já que, embora a diferença de preço entre uma f/1.4 e uma f/1.8 seja considerável, a diferença ótica entre elas é menor do que um ponto e passa perfeitamente despercebida.
Evidentemente que, se você faz questão de uma f/1.4 na sua coleção, ainda que ninguém perceba o ganho relativo de luz, a maior fidelidade de cores e a menor distorção que ela proporciona, é a escolha certa, todavia a diferença, repetimos, é desprezível. Por outro lado, uma objetiva f/1.2 para o dia-a-dia é pura esnobação…
Com tudo isso, se você está usando um kit 18-55mm, com aberturas entre f/3.5 e f/5.6, já deve ter notado, pelos resultados obtidos, que a diferença de mais de dois pontos a favor de uma objetiva f/1.8, lhe dá muito mais oportunidades, permitindo fotos com uma luz até então impossível de ser usada pelo kit, com uma significativa diminuição da profundidade de campo, o que, convenhamos, é o ideal para retratos e fotos de produtos.
Depois do que foi dito aqui você já tem uma noção do que seja uma objetiva “fast” e já deve ter percebido que ser proprietário de uma delas, com uma abertura “daquele tamanho”, só depende de uma coisa: money!
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