Newborn: “Faça de coração ou então não faça”

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Vamos falar de fotografia de recém-nascidos (newborn photography), um estilo novo aqui no país que ganha atenção de forma rápida e que é responsável pelo ingresso de novos profissionais no mercado.

A fotografia de bebês recém-nascidos atrai olhares e suspiros das mamães e futuras mamães de forma mágica e contagiante através das redes sociais na internet e do boca a boca, duas formas simples, espontâneas e bastante eficazes de propaganda.

Ora, se já temos um cliente atraído por esse produto (mamães apaixonadas, emocionadas e corujas, dispostas a comprar tão lindas imagens de seus bebês), é uma consequência natural que o segmento atraia também pessoas (fotógrafos ou não) interessadas em aproveitar esse novo filão no mercado. Sim, essa é uma área promissora e está em plena expansão!

Em países como EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, o “newborn” já é bem conhecido e tem um mercado grande e seguro. Aqui no Brasil, estamos apenas começando. Mas, apesar do pouco tempo de existência, a fotografia newborn – que ainda usa o nome importado (quem sabe para dar mais charme!) – não está apenas engatinhando. Ao contrário, ela dá passos largos e quase corre como uma criança feliz que cresce saudável – mas que tem ainda muita coisa a aprender!

Os primeiros profissionais que se desenvolveram nessa área e, de certa forma, abriram as portas para esse segmento, enfatizam a importância de que esse tipo de trabalho precisa ser feito com muito cuidado e profissionalismo. E salientam: é preciso muita paciência e fazer tudo com muita segurança.

Assim, muitas fotógrafas tornaram-se elas mesmas fonte de conhecimento e desenvolveram workshops que são, por enquanto, a melhor e mais segura forma de adquirir conhecimento e assim ingressar nesse mercado.

Diferente de outros segmentos da fotografia, o newborn exige um lado humano (e daí dizemos, faça de coração), com cuidados que devem inclusive pecar pelo excesso, que transcendem e sobrepõem os conhecimentos técnicos de fotografia. Tanto por lidar com os bebês, criaturas frágeis e indefesas, como com as mães, que ainda estão num estado de graça e muito sensíveis por terem gerado uma nova vida. Cada bebezinho que chega ao mundo é uma benção. Um verdadeiro milagre. É preciso ter sensibilidade para entender e respeitar esse momento tão mágico e sublime.

Assim, é importante que aqueles que se interessam em experimentar essa área da fotografia saibam desde já – desde sempre – que os requisitos básicos antes mesmo de possuir uma câmera profissional, objetivas claras (f/1.4 ou f/2.8…), trabalhar com luz suave, investir em acessórios e props, ter um pufe e baixar um app com white-noise (ruído branco), é preciso ter paciência, carinho e muito cuidado com o bebê.

Só para dar uma pincelada no assunto a fim de se entender essa preocupação quase obsessiva com a segurança do bebê, saliento que precisamos todos termos a consciência de que não estamos fotografando produtos nem modelos. São serem tão pequenos, frágeis, delicados e sensíveis que se torna imperativo conhecer e entender tudo sobre essa fase da vida do bebê.

Como, por exemplo, sua anatomia, que o difere de outras fases do crescimento, com órgãos ainda em desenvolvimento, a importância de um ambiente limpo e com temperatura controlada, os cuidados extremos para sempre observar e proteger a cabecinha do bebê que ainda é muito delicada, pois os ossos do seu crânio ainda são flexíveis e divididos em várias placas (com a finalidade de facilitar o nascimento) e por isso bastante frágil. Saber segurar e sempre segurar a cabeça do bebê enquanto você monta a pose é o ponto número um quando falamos em segurança do bebê!

Esse mercado por enquanto é predominantemente feminino mas, ao contrário do que se possa imaginar, não é necessário ser mãe para fotografar recém-nascidos (embora essa experiência agregue bastante). Vemos ótimos fotógrafos (pais ou não) e fotógrafas (que não são mamães!) que possuem um trabalho lindo e encantador. O importante é que esses profissionais possuam conhecimento sobre os bebês. E não apenas se aventurem numa área por verem nela um sucesso garantido.

Com esse conhecimento sobre o bebê, suas necessidades e limites, é possível fazer as poses de forma segura e confortável. Sempre salientando que algumas poses vistas na internet ou em sites de fotógrafos profissionais e que se tornaram “ícones” da fotografia newborn são resultado da montagem de duas ou mais imagens no Photoshop ou outro software de edição.

O bebê jamais deve ficar com o queixinho apoiado nos bracinhos, pendurado numa redinha num galho de árvore ou na trouxinha da cegonha… nem mesmo ficar com a cabecinha reta (sem apoio) sobre os bracinhos cruzados. Sempre haverá um apoio: uma mão que segura, um leve toque de dedo que dá equilíbrio, acréscimo que depois será removido com uma simples montagem em camadas no Photoshop.

A cabeça do bebê é grande e pesada, desproporcional ao seu corpinho. Ele nem teria força ou controle muscular nos braços para ficar apoiado sozinho. Jamais tente fazer dessa forma!

A técnica é bastante simples. Não há por que arriscar.

Então é isso, se você tem o primeiro requisito que é a paciência e está disposto a se desenvolver no segundo que é o conhecimento e respeito pelos bebês, já está apto a se aprofundar nos demais. Caso contrário, não vale a pena dar o passo seguinte!

Claro, além disso tudo, para ser profissional é preciso possuir todos os conhecimentos de fotografia: luz e fotometria, composição, estética… tudo que um fotógrafo deve saber.

Isso você pode e deve desenvolver através de cursos em escolas de fotografia, livros, congressos e toda fonte onde puder buscar conhecimento (internet, colegas, revistas, sites especializados…).

A partir deste mês, vamos tratar de forma periódica sobre cada um desses aspectos aqui neste espaço do Photo Channel. Será um prazer dividir, discutir e debater com vocês tudo o que é importante informar e esclarecer sobre fotografia de recém-nascidos.

O convite é para que a gente desenvolva juntos aqui no Brasil (aproveitando que estamos no começo e que por isso mesmo é mais fácil unir e organizar os profissionais) um mercado ético, próspero e duradouro, com preços justos, competência, beleza e, acima de tudo, segurança.

Vamos abordar temas polêmicos, suaves, obrigatórios e até o que ainda nem existe direito, está em formação, falando de tendências, experiências, leis e normatização.

Se você tiver um assunto específico que deseja saber ou debater, mande sua sugestão – na medida do possível abordaremos o tema em questão.

 

 

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