A proximidade do Natal não mexe apenas com o sonho infantil de ganhar um brinquedo novo. Varejistas comemoram a perspectiva de alta nas vendas e, nos estúdios de fotografia, os profissionais engrossam o caixa de final de ano com miniensaios natalinos.
“As minissessões temáticas sempre movimentam o comércio, principalmente quando se trata de Natal. Nessa época, muitos pais gostam de registrar o primeiro Natal do bebê, o primeiro Natal em família, mas não querem gastar muito e nem dispõem de muito tempo para realizar um ensaio fotográfico”, explica Natália Médice, proprietária do estúdio Art’s Ninah, em Ubá (MG).
No mercado há dois anos, Natália diz que a clientela vem principalmente pela divulgação boca a boca. Os ensaios duram em média 30 minutos e são realizados no estúdio. “Um ou dois cenários são montados e os acessórios para as crianças e pais usarem são todos disponibilizados pelo estúdio. Também fazemos fotos com as roupas da criança, desde que estejam em harmonia com o cenário”, condiciona.
Mas o estúdio não é requisito para quem quer investir nesse ramo sazonal. Renata Bosquetti, fotógrafa infantil de Mafra (SC), usou o quintal de casa no ano passado. Este ano, “mudou-se” para um parquinho: “Fotografei cerca de 90 crianças entre o dia 25 de novembro e ontem [domingo, 14/12]”, calcula a catarinense. Fotógrafa desde 2010, ela costuma fazer minissessões em datas comemorativas, como Páscoa, Dia das Mães, Dia das Crianças, “mas o Natal é surpreendente”, afirma.
Renata “fisgou” seu público através do Facebook: “Sempre chamo a mesma criança para ser minha ‘garota propaganda’ e então começo a divulgar as fotos dela”. O local escolhido também deu uma mãozinha: alguns pais que estavam com os filhos no parque aproveitaram a oportunidade. “Fiquei durante dez dias fotografando no parque e não agendo horários, pois são ensaios que duram no máximo 20 minutos (dependendo da criança, dura um pouco mais). Então, quem chega no local espera um pouquinho”.
Diferente de Renata, Valquíria Nascimento, de Caratinga (MG), não tem tradição de realizar miniensaios natalinos. Na verdade, ela se lançou no mercado somente em março deste ano, depois de fazer dois anos de especialização em fotografia de gestantes e bebês. Mas, diante do bom resultado, pretende fazer disso uma prática.
“A ideia começou com o número de clientes que me procuraram, perguntando se não iria fazer sessões de Natal! Diante da correria do final de ano e pelo motivo principal de eu ainda não ter meu estúdio, atender somente em casa, cheguei a achar que não seria possível”, reconhece ela, espantada com o êxito da ação (Valquíria ofereceu um desconto de R$ 50 a quem doasse um brinquedo novo): “A princípio, iria atender somente três tardes (sexta, sábado e segunda). Como a procura foi tanta e as vagas se esgotaram rápido, resolvi dar uma apertada na minha agenda e tentar atender a todo mundo”.
Valquíria realizou sessões de meia hora, que resultavam em cinco fotos 10×15 e cinco ímãs de geladeira. Com o brinquedo, o pacote saiu a R$ 150. No estúdio de Natália Médice, o preço ficou entre R$ 100 e R$ 200, dependendo do número de fotos ou dos fotoprodutos escolhidos (cartões, calendários, bolas de Natal, camisas, canecas etc.). “As fotos são entregues impressas e o cliente pode comprar os arquivos digitais das mesmas”, acrescenta.
Renata, por sua vez, cobra por foto impressa: R$ 7 a 10×15 e R$ 10 a 15×21. “Entrego em caixas personalizadas de Natal, com cartões, e gravo um CD com as escolhidas para quem fica com mais de dez fotos. A escolha das imagens é feita através do site de seleção de imagens Epics. As pessoas escolhem em casa as fotos”.
Como ainda há um punhado de dias para o Natal, é certo que muito fotógrafo está disparando sua câmera como nunca. Quem perdeu o bonde, sempre pode se programar para aproveitar a próxima estação, e movimentar o estúdio (a casa ou a rua) com um benvindo volume de trabalho. E até bancar o Papai Noel, como fez a Valquíria, que uniu o útil ao agradável: “Afinal de contas, iria fazer mais crianças felizes com o maior número de doações, e um dinheiro extra entrando é sempre bom, não é verdade?” Tem toda razão.
(*) Com entrevistas de Danielle Parente