Making-of: dicas para fazer bem as preliminares

Foto: Julio Trindade

O making-of é uma espécie de curinga do fotógrafo de casamento. É um exercício que permite ao profissional “se afinar” com seus clientes, conhecendo-os um pouco melhor, e a todos os outros que terão papel importante na cerimônia de casamento: pais, amigos e padrinhos.

Permite ainda um aquecimento técnico antes da cerimônia, ocasião em que o experimentalismo cede lugar à precisão dos cliques obrigatórios. Ou seja, no making-of há certa leveza, que geralmente se traduz em fotos que se permitem artísticas, inusitadas, decorativas.

Vale, por fim, dizer que essas fotos ficam ótimas no álbum, os noivos amam, e o fotógrafo sai satisfeito por produzir um bom trabalho e ainda pôr mais alguns “cobres” no bolso.

Julio Trindade, fotógrafo com estúdio em Florianópolis (SC), finalista dos prêmios Wedding Best e Wedding Awards deste ano, produziu, a pedido do Photo Channel, uma espécie de “guia de sobrevivência” para fotógrafos que já praticam, ou pretendem praticar, o making-of de casamento. Vamos a ele:

Tudo se inicia no salão de beleza, no hotel ou residência da noiva, momentos antes da cerimônia. O local não importa. O que conta é mostrar os bastidores da preparação dos noivos de forma criativa e elegante. E a primeira dica é: chegue de duas a três horas mais cedo que o horário da cerimônia, para fazer tudo com calma.

Julio pede atenção aos detalhes, pois é disso que se trata o making-of: expressões de tensão e alegria, closes do vestido, sapatos, joias e adereços, tudo concorre para entrar no álbum do casal e certamente fará parte do acervo de imagens da família para as futuras gerações. “Lembre-se que, para o casal, tudo passará muito rápido. Suas fotos é que contarão com detalhes os acontecimentos desse grande dia”, ressalta Julio, que destaca a questão do relacionamento com os noivos:

“Eu considero o making-of como uma grande oportunidade de aproximação com o casal, afinal, o noivo também merece seu momento de ‘star’. Para a mulher, vejo como um momento de concentração – quase de solidão –, pois seguidamente percebo que estão concentradas em seus últimos pensamentos, já vislumbrando o que virá pela frente”, observa.

Ele também recomenda muito cuidado com a maneira como você irá conduzir o ensaio: “Conheça o perfil de sua noiva e, assim, sua margem de acerto será maior. Se ela é divertida, ria com ela, se ela é contida, fique na sua. É preciso cautela e bom senso para não invadir seu espaço e individualidade e clicar sem ser visto. Por outro lado, às vezes é necessário dirigir a cena”.

O profissional lista as fotos que devem constar na sua programação de cliques, pois sempre são solicitadas: o vestido da noiva (antes e depois de vestido), preferencialmente de forma a valorizar os detalhes do tecido (“a estilista irá agradecer e divulgar o seu trabalho”), alianças, sapatos, joias e, claro, as pessoas da produção, familiares e amigos presentes. “Sempre procure manter uma narrativa documental e casual. Claro que aqui vai do estilo de cada fotógrafo”, observa.

Seguem algumas imagens com comentários do Julio:

“Luminárias de LED são acessórios que sempre ajudam. Eu utilizo inclusive uma caneta de LED, que me ajuda muito em fotos de detalhes” (Nikon D-700, vel. 1/200 em f/9. Lente 24-70mm f/2.8, ISO 1600)

“Esta foto do sapato foi engraçada: cheguei na sala onde estavam o vestido e o sapato da noiva e havia várias mulheres do salão de beleza em torno, comentando sobre eles. Daí foi que me liguei da importância de fazer uma foto diferenciada de ambos, visto que se tratavam de algo diferenciado. Foi realizada com o auxílio de uma assistente do salão, que segurou uma lanterna de pesca para meu clique. Simples e objetivo, só coloquei o sapato sobre uma poltrona vermelha que já existia no ambiente e dirigi a luz de forma a realçar os brilhos e os contornos do objeto. Mas as combinações de cores, luzes e formas são indispensáveis, e requerem cuidado na hora de enquadrar a cena” (Nikon D-700, vel. 1/80 em f/1.8. Lente 85mm f/1.8 e ISO 4000)

“Aqui temos dois exemplos de como podemos criar uma luz diferenciada para o mesmo objeto, a primeira foto com luz disponível e a seguinte com a mesma lanterna usada na foto do sapato”.

“Use o flash, de preferência, off-camera. Aqui, o que dá o toque especial é o ângulo de ataque da luz – gosto de luzes dramáticas e teatrais, pois dão um clima diferenciado às nossas fotos. Contraluz ou de um ângulo superior, levemente por trás, o ideal sempre é fazer testes para descobrir o melhor lugar para colocar o flash. Para quem utiliza luz contínua, fica mais prático visualizar o resultado. Recomendo tanto para fotos de pessoas quanto still de objetos”.

“Lentes claras: aberturas f/1.8 ou 2.0 colaboram para uma melhor utilização da luz ambiente, principalmente porque quase sempre os locais são escuros ou mal-iluminados”. 

“Criatividade: nem sempre o equipamento é o diferencial, e sim saber usar o que se tem à mão. Pare, olhe e perceba quais as luzes e sombras disponíveis, e sempre chegue mais cedo para ter tempo de estudar a cena e criar”.

“Aproveite as oportunidades e surpreenda seus clientes com lindas imagens. Bons cliques!”

 

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