Um artigo publicado pelo fotógrafo Andy Day, no site Fstoppers, na última quinta-feira (06 de agosto) causou muito espanto em todo o mundo da fotografia. Andy mostrou que o site da Magnum, uma das agências mais famosas e históricas de todos os tempos, estava vendendo por mais de 30 anos fotos de supostos abusos sexuais infantis. “O arquivo da Magnum Photos apresenta inúmeras fotografias de crianças escravas sexuais, muitas das quais foram fotografadas sem seu conhecimento. Várias dessas fotos são sexualmente explícitas, apresentando nudez e encontros com clientes. Essas imagens podem constituir atos de abuso sexual infantil”, relata Andy no texto.
Segundo Andy, que printou as telas, as fotografias surgiram quando ele pesquisou no no site Magnum Photos por “garota” e “prostituta”. “Várias imagens tiradas pelo fotógrafo da Magnum David Alan Harvey, em 1989, fazem parte de um trabalho intitulado ‘TAILÂNDIA. Bangkok. 1989. Prostitutas tailandesas’. Talvez a imagem mais problemática mostre uma garota de topless vestindo apenas calcinha. A imagem é tirada do ponto de vista do fotógrafo que parece estar na cama da qual a garota se aproxima. O rosto da garota não está obscurecido e ela está sorrindo para o fotógrafo. As marcas de palavras-chave para a fotografia incluem “Prostituta”, “Seio” e “Adolescente – 13 a 18 anos”, explicou Andy, que diz haver ainda mais de 100 fotos no site com imagens de crianças escravas sexuais – muitas delas identificáveis - de todo o mundo, algumas marcadas como “Garota – 3 a 13 anos”.
Segundo Andy, a Magnum Photos precisa dar uma resposta mais transparente com urgência. “Até que demonstre uma resposta adequada e ofereça respostas a algumas questões cruciais, sua função como agência fotográfica deve ser considerada insustentável”.
O UNICEF, agência das Nações Unidas que fornece ajuda humanitária para crianças em todo o mundo, é muito específica em suas diretrizes para as organizações de notícias sobre a documentação infantil. A identidade visual deve sempre ser obscurecida se uma criança for identificada como vítima de abuso ou exploração sexual. Notavelmente, ao contrário das suposições de muitos fotógrafos, aumentar a conscientização sobre uma situação não é justificativa para tirar ou publicar fotos onde crianças vulneráveis são identificáveis.
Apesar dessas diretrizes claras, não é incomum que agências de fotografia apresentem imagens marcadas como “prostituta infantil”, com assuntos – obviamente crianças – claramente identificáveis, como comprovado pelas descobertas feitas também no site de outra gigante no mundo dos bancos de imagens, a Getty Images. Alertada sobre a existência das imagens (veja print abaixo) no seu site, a Getty Images emitiu uma declaração: “Obrigado por sua divulgação. A Getty Images leva essas reivindicações muito a sério. Removemos e estamos revisando o conteúdo para garantir que as imagens estejam em conformidade com nossas políticas editoriais.”
História da Agência Magnum
Magnum Photos é uma agência internacional de fotógrafos, com escritórios em Nova Iorque, Paris, Londres e Tóquio. Segundo seu co-fundador Henri Cartier-Bresson, “Magnum é uma comunidade de pensamento, uma qualidade humana compartilhada, uma curiosidade sobre o que está acontecendo no mundo, um respeito pelo que está acontecendo e um desejo de transcrevê-lo visualmente”.
Fundada em 6 de fevereiro de 1947 por um grupo de fotógrafos liderado por Robert Capa num evento que ocorria no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, o nome foi retirado da marca de champagne em que comemoravam a criação do empreendimento. O primeiro escritório surgiu em um apartamento de quarto e sala no 125 da rua Faubourg Saint-Honoré, em Paris, com instalações precárias e um telefone. O sucesso e a repercussão foram tamanhos que nos anos seguintes a agência se juntou a mais quatro fotógrafos europeus e norte-americanos como Ernest Hass, Werner Bischop, René Burri, Inge Morath e Cornel Capa, irmão de Robert Capa. Participaram também da Agência Magnum o fotógrafo polonês David Seymour, o francês Henri Cartier Bresson e o inglês George Rodger. Fonte: Wikipedia