Quando parecia que todas as melancias já haviam assentado e nada mais de muito revolucionário iria sacudir as bases da fotografia digital, uma empresa anunciou a criação de uma câmera capaz de capturar diferentes pontos de foco na imagem, permitindo ao usuário escolher qual área da foto deixar mais nítida depois do clique.
Isso foi há dois anos e o peso da inovação não parece ter causado grande abalo no mercado – salvo pelo fato de alguns fabricantes terem adotado o princípio em seus sistemas de câmera dos smartphones.
Três meses atrás, entretanto, a companhia voltou à carga, com o anúncio da segunda geração da Lytro. A câmera de “campo de luz” recebeu atributos de equipamento profissional, uma conexão íntima com aplicativos de software e começou a ser vendida em escala mundial agora em julho.
“Campo de luz” é o nome da tecnologia que os engenheiros deram ao sistema de captura da câmera, cuja nova versão chama-se Lytro Illum. Ela é capaz de capturar a intensidade e a direção da luz, daí cobrindo todas as possibilidades de foco da cena. Após o clique, basta escolher na tela touchscreen o ponto de maior nitidez desejado que ela ajusta o foco.
Segundo relatos, a qualidade da imagem é muito boa. “Impressionante, para dizer o mínimo”, afirmou o jornalista Adam Clark Estes, no site Gizmodo. “E a lente permite que você chegue incrivelmente perto do objeto que vai fotografar: ao experimentar a Illum, eu acabei encostando a lente no objeto, e a imagem ainda saiu cristalina”, disse.
Apesar disso, a resolução é relativamente pequena: 40 megarraios, que é a medida do seu sistema de captura de luz. Isso corresponde a uns 4 megapixels, no sistema convencional. Talvez seja uma indicação de que o fabricante já não conta com o cada vez menos popular expediente de imprimir fotos – ou talvez apenas aponte para um limite da tecnologia, a ser superado no futuro.
De todo modo, é no ambiente virtual que o conceito de “fotografia viva” alardeado pelos engenheiros da Lytro ganha significado. A câmera vem com um aplicativo para tablets em que é possível dar dinamismo às fotos. “Você pode aproveitar o efeito de paralaxe, que faz a imagem se mover com você. E não se trata de uma função adicional que você precisa ativar: isso funciona para toda imagem; e se você tiver uma tela com suporte a 3D, pode ver as fotos em 3D”, acrescenta Estes.
Ren Ng, fundador da empresa (que leva o nome da invenção), diz que a Lytro tem um poder de computação comparável ao dos tablets. Esse aspecto do produto, cujo software é baseado no sistema Android, é tão importante para a experiência fotográfica quando o ato de apertar o botão de disparo, afirma o executivo: “Você não pode fazer essas fotos sem um computador”.
Com um desenho que a aproxima mais de uma câmera convencional (diferente da primeira versão), a Lytro não é uma aquisição barata. Seu preço é US$ 1.600 (coisa de R$ 3.600). Se você quiser pôr à prova o potencial revolucionário da bichinha, terá que gastar o correspondente a uma DSLR razoável. Assista abaixo a um vídeo sobre os “poderes” da Lytro Illum: