Locação externa: a experiência perfeita

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Carol em Holambra: “Você realiza o meu sonho que eu realizo o seu”

Alguém já disse que a vida é feita de escolhas. Para fotógrafos que adoram locações externas, essa escolha muitas vezes vem junto com uma vontade (quase) incontrolável de se sentir trabalhando em liberdade.

Tá. Mas até que ponto nós temos mesmo liberdade?

Eu admito que consigo fazer uma lista muito clara na minha cabeça dos prós e contras de se fotografar no ambiente externo. E a conclusão é que os prós acabam falando mais alto.

Gosto de pensar que eu fotografo a vida. E acredito que para capturar as emoções dos meus clientes-amigos de um jeitinho bem especial, preciso que eles se sintam livres em um mundo de opções.

Seja naquelas locações em que eu fotografo pela primeira vez ou naquelas em que já sei até o nome do guardinha, o desafio é sempre o mesmo: procurar possibilidades criativas em cada ambiente, sem me tornar refém da repetição.

E como eu escolho as locações? Parece bobo, mas é ouvindo. Sim, ouvindo meu cliente, descobrindo o que ele quer guardar como lembrança. Quer passar um dia divertido na praia? Quer andar descalço, deitar na grama, sentir o ar puro e lembrar que existe uma natureza linda ao nosso redor e que muitas vezes esquecemos?

Perceberam? Não estou falando da locação perfeita, mas da experiência perfeita.

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Na verdade, a pergunta deveria ser: qual experiência você quer viver? A resposta vem como mágica. E posso dizer de peito aberto que, quando chego em casa depois de um dia incrível, também tenho a certeza de que vivi algo muito especial – é só sentir as experiências que ilustram esta matéria aqui.

Todo fotógrafo deveria poder dizer, por exemplo: “Meu ensaio família custa xis e você ainda leva de brinde uma experiência só sua”.

Quantos pais já me falaram que não costumam levar seus filhos em parques por causa da vida corrida? Ou por causa de compromissos que atropelam o final de semana e deixam de lado aquele piquenique que há tempos estava programado?

E olha que doido: quando finalmente estão lá, eles esquecem de tudo isso, curtem um momento que parecia só ficar nos planos. Nessa hora eu aproveito: deixa seu filho se sujar, deixa sua filha correr, deixa eles viverem. Pra mim, liberdade é isso: destrancar o coração pro sentimento poder voltar quando quiser.

Tá, Vanessa. Mas como eu posso fazer um ensaio lindo em uma locação diferente se o meu cliente sempre quer no mesmo lugar? Humm, eu tenho essa resposta. É que isso também está acontecendo comigo e já está na listinha de “coisas para mudar em 2014”.

Minha dica rápida e honesta é conversar: “Cliente, e se a gente fugisse do mundo corrido e fizesse um ensaio no interior, na casa da vovó, por exemplo? É que aquele parque de sempre ficou menos colorido…”

Foi assim com a família da Carol. A conversa foi: “Se você quer fotos coloridas e próximas da natureza, que tal Holambra?”. A Carol respondeu: “Nossa! Faz tempo que quero conhecer essa cidade!”. E assim ficou combinado: “Você realiza um sonho meu e eu realizo um sonho seu”. O resultado foi um dia bem especial e divertido – pra eles e para mim.

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Duas fotos de um ensaio com a Paula: no alto, na ponte sobre a Av. 23 de Maio. Acima, em uma das ruas que encontramos por acaso na Barra Funda

Muitas vezes você acha aquela locação incrivelmente perfeita, coisa de filme feliz, mas esbarra em um assunto chato: a autorização. O que você faz? Senta e chora?

Vanessa Atalla-6Nossa, confesso que já senti muita vontade de chorar a cada guardinha que chegava daquele jeito sem-bom-dia, já pedindo o tal papel da tal administração e que agora não é permitido entrar com equipamento e nem trocar de roupa no banheiro (?) do parque.

Acredite, isso aconteceu comigo recentemente em um ensaio gestante. Sentei e chorei? De jeito nenhum. Se chegou a esse ponto é porque o próprio parque já não sabe mais como diminuir a demanda enorme de fotógrafos. O parque se sentindo saturado e eu também. Nessa hora eu penso de novo: “Cadê a tal experiência?”. Fotografar com um cão de guarda no seu cangote com certeza não é a melhor delas.

A melhor saída aqui é: expandir seu mundo de opções. Lembra da primeira pergunta que eu fiz lá em cima? Até que ponto nós temos liberdade?

Então, a resposta depende da gente. Sim, do que fazemos e do jeito como fazemos. Está naquilo que a gente acredita, nas respostas que procuramos, no preto e branco que queremos colorir. E se o mundo ainda não te mostrou a locação perfeita, calma. Muitas vezes ela só está adormecida na sua própria vontade de ser livre.

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