Em casamento de fotógrafo o que não falta é colega entre os convidados. Fica até difícil eleger quem vai, de fato, registrar a festa. Keith Imamura, no entanto, queria ele mesmo fazer as fotos: “Era o casamento que eu mais desejaria fotografar na vida”. Como não foi possível (“eu ficaria preocupado com as câmeras e não aproveitaria nada do casamento”), passou a bola a Evandro Rocha e Erick Mem. Mas do ensaio da lua de mel Keith não abriu mão, inaugurando assim uma nova modalidade: o “selfie Trash the dress”.
Imamura é um cara que gosta de inventar: “O pessoal fica na expectativa de qual será a próxima novidade”. Trinta anos e natural de Apucarana (PR), músico, começou a fotografar como hobby e os amigos acharam que levava jeito. “Resolvi tentar”. Trocou a compacta por uma câmera “profissa”, mas percebeu que conseguia melhores resultados com o equipamento anterior. “Fui atrás de saber as regras básicas (ISO, velocidade, abertura e balanço de branco). Daí em diante, comecei a me encantar cada vez mais, praticar, observar mais e a conhecer as histórias das pessoas”, conta o fotógrafo, que iniciou suas atividades há cinco anos.
No começo, foram finais de semana sucessivos dentro de igrejas. E mais sessões de estúdio diárias: “Foi muito intenso”. Agora, dono do próprio nariz (e do próprio estúdio), baixou o ritmo para executar cada novo contrato com total dedicação. Sobrou tempo até para subir ao altar.
Keith trocou votos com Sibilla, sua noiva, dia 23 de agosto. Três dias depois, o casal embalou a roupa do casamento e seguiu para o deserto do Atacama, para desfrutar da lua de mel e ainda realizar o esperado Trash the dress.
A escolha do ensaio fez todo sentido. Imamura clicou o primeiro “Trash” em 2010, quando o estilo não era conhecido na região. A novidade foi o grande impulso da sua carreira e ainda traz muita gente ao seu estúdio. Sua previsão é que a demanda aumente, por causa da repercussão que seu “selfie” está tendo. “Estávamos em férias, retornamos às atividades no dia 10 de setembro e postamos as nossas fotos no dia anterior. Está bem recente ainda, acredito que em breve também colheremos esses frutos profissionalmente”, projeta.
Para realizar as fotos, o casal levou para o Atacama duas Nikon (um D7000 e uma D800), dois tripés, um de aço carbono, leve, e outro de metal, mais alto e pesado, para evitar que o vento do deserto carregasse a câmera. “Levei também estabilizador GlydeCam HD2000, que comprei exclusivamente para o nosso ensaio, pois já produzi alguns vídeos, mas não trabalho como videomaker e nem sou expert no assunto”. Levaram ainda uma GoPro Hero 3, para auxiliar nas filmagens. “Ela ficava acoplada no tripé abaixo da D800 e, em outras ocasiões, presa em alguma parte da caminhonete”.
Keith conta que a D7000 foi usada principalmente para filmar, mas em alguns momentos as duas câmeras clicaram ao mesmo tempo diferentes ângulos da cena. “Também cheguei a usar as duas para filmar. A D7000 ficou boa parte no GlydeCam” (assista ao vídeo aqui).
As DSLR foram acionadas com transmissores sem fio, assim como o flash SB900 em algumas fotos: “É possível ver a unidade do radio flash em minhas mãos em várias imagens. Pedia para a Sibilla se posicionar para que eu pudesse enquadrar e estipular os limites para que não saíssemos do enquadramento, focava e colocava em foco manual, porque senão o foco poderia sair e ir parar no fundo e consequentemente nos desfocar. Podíamos nos mexer, mas sem sair daquela distância focal. Não usei o diafragma muito aberto, porque sabia que a chance de sairmos do ponto de foco seria muito grande”, explica o paranaense, que apreciou a liberdade de atuar sem precisar ouvir comandos de direção. “Apesar de termos câmeras apontadas para a gente, o fato de não ter pessoas atrás delas nos deixou mais à vontade e em um momento mais íntimo e verdadeiro”, julga.
Mas antes que o pessoal resolva dispensar fotógrafos e partir para o “do it myself”, Keith desaconselha: “Como eu vivo de fotografia de casamentos, sou um profissional qualificado para isso, já tinha feito ensaios nossos antes, então eu tinha toda a segurança que isso iria dar certo. Imagine fazer isso na loucura, sem preparo, e voltar frustrado? Não seria nada legal”, avalia, ressaltando o aspecto de satisfação que a aventura no deserto teve: “Tenho absoluta certeza de que, se eu tivesse contratado qualquer fotógrafo que eu conheço para fazer, sem dúvidas teria ficado lindo e até melhor do que eu fiz, mas para nós fica também uma realização pessoal, de que nós fizemos isso tudo sozinhos, pois até no nosso casamento colocamos a mão na massa para preparar cada detalhe”, afirma, orgulhoso.