Rejane Wolff e Daniel Poletto estão juntos há quase oito anos. Profissionalmente, o casal vem de áreas afins: ela no marketing, ele na administração de empresas. Porém, atualmente, ambos andam pelo mesmíssimo caminho – o da fotografia. Trabalham juntos cobrindo casamentos, fazendo ensaios e cuidando de tudo o que vem depois: pós-produção, diagramação de álbuns, pós-venda. Tudo elaborado de modo quase artesanal, afirmam.
“Queremos que tudo tenha o nosso toque, o nosso olhar”, explica Rejane, 30 anos, que foi quem “empurrou” o companheiro para essa aventura profissional. “Quando comecei, percebi que precisaria de alguém para fotografar comigo e foi uma decisão natural convidar o Daniel. Inicialmente, achamos que seria uma solução temporária, mas ele também acabou pegando gosto pela área e descobriu um talento escondido”, conta a campineira, que notou os conhecidos estranharem sua decisão de deixar um emprego estável para se lançar numa nova área. O fato é que Rejane se viu, ela também, levada a isso.
Numa época em que todas as amigas pareciam estar casando, a paulista teve muita chance de praticar. Sua câmera semiprofissional entrava sempre em ação e o resultado estava agradando as donas da festa. Aí ela resolveu reunir os cliques em um site e pequenos trabalhos começaram a aparecer. Aos poucos, o volume cresceu a ponto de concorrer com sua ocupação no marketing. Assim, foi fácil decidir: “Tive o privilégio de poder escolher o que me fazia mais feliz”, conclui.
Cônjuges trabalhando juntos em reportagem social não é um fenômeno raro. A exemplo do casal de Campinas, necessidade, envolvimento e interesse pela fotografia estão sempre unindo o útil ao agradável. Claro que nem sempre reunir matrimônio e negócios resulta num bom – perdoem o trocadilho – casamento. No caso deles, o arranjo deu muito certo.
“Conseguimos dividir bem as nossas funções e tomamos juntos as decisões mais importantes. Eu sou responsável pelo atendimento ao cliente e pela edição das imagens. O Daniel é responsável pela diagramação dos álbuns, logística e controle financeiro e administrativo. É uma preferência do Dani estar mais nos bastidores. Ele é mais tímido, enquanto eu sou mais falante. Até mesmo quando fomos escolher o nome da nossa empresa, foi uma escolha dele que a empresa tivesse somente o meu nome, apesar de ele ser meu sócio em 50% do negócio e estar super envolvido em todas as decisões”, diz a moça, que revela ser necessário, de vez em quando, “proibir” falar de trabalho nas horas de folga.
Por outro lado, quando em ação, o trabalho do casal mais do que se completa. É quase uma simbiose: fica difícil até saber quem fotografou o quê: “Enquanto estou editando as imagens, muitas vezes só consigo saber ao olhar o nome do arquivo”, reconhece a fotógrafa, que, pensando melhor, consegue perceber algumas particularidades: “Em geral, o Daniel costuma ousar um pouco mais nos enquadramentos e buscar alguns ângulos diferentes, enquanto eu costumo ser um pouco mais tradicional em relação a enquadramentos. Nossa forma de lidar com a luz é muito parecida também. Nós dois não usamos flash para fotografar, gostamos de utilizar a luz disponível no ambiente e ambos gostamos de trabalhar com duas câmeras ao mesmo tempo, utilizando lentes fixas em 90% do tempo”, observa.
Um terceiro par de olhos costuma auxiliar o casal durante a cerimônia. Porém, o assistente é o único “elemento de fora” na rotina de trabalho de Rejane e Daniel, que têm por política pegar poucos casamentos e se dedicar a cada etapa pessoalmente. Na opinião dela, esse procedimento agrega valor à sua marca, uma vez que as noivas têm demonstrado gostar de algo mais exclusivo: “Acredito que o relacionamento que construo com os casais, em especial com a noiva, contribua bastante para um resultado natural nas imagens. Gosto de me envolver, de conhecer a história do casal, os seus gostos. Quando me sinto próxima, fico mais à vontade e acredito que os noivos ficam mais à vontade também. Como fotografamos poucos casamentos por ano, em geral consigo me envolver um pouquinho mais com cada casal”.
Do ponto de vista da técnica, Rejane também não é muito chegada a inovações: “Procuramos ficar de olho nas tendências, porém não queremos em hipótese nenhuma perder o nosso estilo”, argumenta. Segundo ela, mais importante do que ser criativa, é ser sensível: “Quando estamos atentos aos momentos emocionantes e nos permitimos entrar de coração no universo do casal, conseguimos fotos emocionantes também. É claro que procuramos nos superar sempre, mas honestamente, hoje em dia minha principal preocupação não está em fazer fotos ‘criativas’, superdiferentes, originais, no sentido de inventar algo totalmente novo. Penso que isso poderia me fazer perder o foco. Sempre me policio para manter em mente o real motivo de estar ali fotografando”, detalha a sua filosofia.
E qual seria esse motivo? “A foto precisa ser impactante para o casal e mexer com o sentimento de quem a vê”, resume, Rejane, a missão do casal.