País que registra um novo caso de estupro a cada 21 minutos, a Índia ainda se recupera do horror que matou a estudante Jyoti Singh Pandey, de 23 anos, vítima de estupro coletivo e espancamento dentro de um ônibus em Nova Déli, em dezembro de 2012. Desde então, outros crimes bárbaros têm ocorrido (no final de maio deste ano, duas meninas foram violentadas e mortas em Uttar Pradesh), mas a pressão popular contra esse estado de coisas tem intensificado.
Natural que qualquer referência a essa questão delicada corra risco de gerar polêmica. Um fotógrafo do país, Raj Shetye, não observou a regra e colheu uma chuva de críticas nas redes sociais. O que ele fez? Realizou um editorial de moda que faz referência ao crime de 2012.
Na verdade, se defendeu Raj, fotógrafo de Mumbai, o ensaio O caminho errado (numa tradução livre) não se refere ao caso. Era uma ideia antiga, motivada pela situação das mulheres no país, afirmou. “Não é baseado em Nirbhaya [como a jovem ficou conhecida pela mídia, antes que se soubesse seu verdadeiro nome. Nirbhaya significa ‘destemida’]. Mas, como parte da sociedade e como fotógrafo, esse assunto me toca por dentro. Eu vivo em uma sociedade em que a minha mulher, a minha namorada, a minha irmã, todas estão por aí e algo assim pode acontecer com elas também”, falou o fotógrafo ao site BuzzFeed.com.
A associação, entretanto, foi inevitável. Personalidades indianas divulgaram em suas contas nas redes sociais comentários indignados e pouco elogiosos ao editorial. Vishal Dadlani, diretor musical de Bollywood, a indústria cinematográfica indiana, classificou o ensaio como sendo “nojento”, segundo publicou o site da BBC Brasil. “Estupro não é inspiração para um ensaio de moda. Não sei o que o fotógrafo estava pensando ao se inspirar na Nirbhaya para as fotos”, criticou a atriz Amrita Puri.
Com a repercussão negativa, o ensaio foi retirado do site Behance, onde havia sido publicado. Abaixo, mais fotos do trabalho: