Se você viu o episódio “Isso é montagem – Os erros feios de Photoshop”, do especialista em Photoshop Altair Hoppe, sabe que às vezes há um exagero no uso desta ferramenta de edição. A culpa, certamente, não é do software, mas do mau uso que se faz. Dentro da série de exageros também há os muito criticados emagrecimentos digitais de modelos, que já geraram muita polêmica. A atriz Kate Winslet, por exemplo, acusou em 2003 a revista GQ de reduzir a largura de suas pernas “por cerca de 1/3”. Por essas e outras, a própria atriz proíbe manipulação em suas fotos.
Agora uma lei francesa quer obrigar que todas as fotos modificadas digitalmente, especialmente as que emagrecem ou engordam as modelos, tragam 0 aviso photographie retouchée, “fotografia retocada” em francês. Qualquer violação dessa lei virá com uma multa de 37.500 euros (mais de R$ 130 mil – 1 euro = R$ 3,49).
Trata-se de uma lei anti anorexia aprovada pela Assembleia Nacional da França na última semana, que também pune quem contratar modelos muito magras. De acordo com a BBC, o ministério da saúde francês diz que o objetivo é combater distúrbios alimentares e ideais inacessíveis de beleza. Países como Itália, Espanha e Israel já possuem leis semelhantes, e no Brasil já existe um projeto de lei sobre o assunto.
“Expor os jovens a imagens normativas e irrealistas dos corpos leva a um sentimento de auto-depreciação e baixa auto-estima que pode afetar o comportamento relacionado à saúde”, disse a ministra francesa de Assuntos Sociais e Saúde, Marisol Touraine.
A lei anti anorexia exige que todas as modelos trabalhando no país, não apenas as francesas, forneçam um certificado médico declarando sua saúde geral e mostrando que seu índice de massa corporal (IMC) é apropriado. Hoje a anorexia afeta entre 30 mil a 40 mil pessoas na França, 90% das quais são mulheres.
De acordo com a revista People, agências de modelo que não seguirem a lei podem enfrentar seis meses de prisão e penalidade de 75 mil euros. A lei também vai contra sites que promovem a anorexia, que serão condenados em até um ano de prisão e multa de 100 mil euros. A lei ainda vai passar por mais uma sessão no parlamento francês e espera-se que ela entre em vigor em janeiro de 2017.