Domine a luz e supere imprevistos

Simone Di Domenico - Wolfstore (2)

Na coluna anterior, escrevi sobre a importância de conhecer a si mesmo para melhorar a própria fotografia. Nesta oportunidade, escrevo sobre a necessidade de conhecer a técnica.

Já que escolhemos como profissão a fotografia, precisamos ter conhecimento sobre tudo o que envolve a criação de uma imagem e, principalmente, interpretar a luz e entendê-la. É importantíssimo ser especialista em um segmento, mas conhecimento nos dá a oportunidade de passear pelo mundo da fotografia e criar tudo o que a nossa mente imaginar!

Considero a minha especialidade os retratos de pessoas. Este é o meu dia a dia: fotografar sorrisos, paixões e sentimentos. Mas tenho paixão por todos os segmentos da fotografia e todos os desafios me fazem crescer, entender e refinar a luz que posso enxergar e registrar. Deixo hoje duas fotografias de moda que envolveram grande produção, com muitos profissionais, o que me possibilitou a oportunidade de realizar uma grande fotografia.

As imagens de moda que apresento nesta coluna foram previamente criadas e estudadas e tudo foi me apresentado através do conceito da campanha e de referências tais como: luz, contrastes, cores e sombras. Baseada nisso e na minha percepção como fotógrafa foi possível construir o que foi proposto em uma nova fotografia.

Simone Di Domenico - Wolfstore (1)

A iluminação dessas fotografias talvez tenha sido a mais complexa que já produzi, pois precisávamos de sombras marcadas e em completa harmonia em dez atores e uma modelo. Para encontrar o resultado foi necessária muita percepção da luz e também várias decisões. Em relação à luz: decidir pelo equipamento adequado, pela altura correta do flash, posição, intensidade, direção exata e fotometria em todos os modelos envolvidos; em relação à câmera: equilibrar os pilares, ISO, velocidade e diafragma, também decidir pela composição da imagem, pela direção e altura da câmera, pela escolha da lente correta e os comandos internos de saturação, contraste e tonalidade de cor, tudo ajustado diretamente na câmera, sendo que as imagens finais são resultado de arquivos JPEG e, principalmente, de sentir o momento exato do clique.

Parece complicado, mas todas essas decisões são tomadas sempre que criamos uma imagem, mesmo uma simples imagem, consciente ou inconscientemente decidimos tudo o tempo todo! Todas essas decisões são tomadas através de nossos conhecimentos e são eles que nos dão segurança e confiança, mesmo que em alguns momentos ocorram imprevistos.

Ze Roberto Muniz Wolfstore (01)

Além de conhecimento, precisamos de equipamento. A câmera utilizada foi uma 5D Mark II, as lentes escolhidas foram 28mm, 70-200mm e 15mm, os contrastes destas imagens e a amplitude da luz só foram possíveis com a potência de dois flashes Variolite 804 Mako,  um deles usado como principal, colocado a três metros de altura, com modificador softbox a 45 graus em relação à câmera iluminando a modelo, outro fazendo a contraluz, sem nenhum tipo de modificador iluminando e tornando visível a fumaça, e mais dois flashes 3003 Mako com colmeia colocados aproximadamente 90 graus em relação à câmera, direcionados também como luz principal, iluminando os atores.

Um quarto flash foi colocado à esquerda, com modificador cone para preenchimento de luz em alguns atores. Os quatro flashes principais e frontais com diafragma f/18, contraluz com f/22, velocidade e ISO 125.

O esquema de luz contou com o auxílio de mais quatro flashes secundários, pois as fotografias foram feitas em um ginásio muito grande e, como os flashes principais estavam com modificadores direcionando minuciosamente a luz, as células não conseguiam se comunicar. Eu possuía um radio-emissor e apenas dois receptores, que não foram suficientes. Essa situação, apesar de ser óbvia, me surpreendeu, pois eu não havia previsto que as células dos flashes não iriam se comunicar em função da distância entre eles, então precisei criar uma sequência de flashes que se comunicava entre si, um enviando luz ao outro para que todos disparassem em harmonia.

Ze Roberto Muniz Wolfstore (2)

Nessa situação entra a questão da prevenção, pois eu possuía todas as referências, imaginei que poderia criar a fotografia com apenas três tochas, mas carreguei comigo onze tochas e todos os modificadores que eu possuía, e isso me deu tranquilidade para resolver o problema que surgiu naquele momento em poucos minutos e criar estas imagens que, para mim, como fotógrafa, me fizeram sentir orgulho e a paz do dever cumprido com o produtor e com a empresa.

Considero de fundamental importância: a satisfação da realização pessoal e a liberdade que o conhecimento me proporciona, de andar livre e leve pelo mundo da fotografia.

Então, reforço mais uma vez: acima de tudo, conhecimento. Quando se tem conhecimento, tudo se torna imensamente simples. Confira o making-of abaixo:

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