O que é a luz de três pontos ou triângulo de luz?
A luz de três pontos – ou triângulo de luz – é o bê-á-bá da iluminação estúdio. Utilizado também em cinema e vídeo, esse arranjo de iluminação, formado pela luz principal, luz de preenchimento e luz de recorte (ou contraluz), é um set básico de fotografia. “É o ponto de partida para pensar em qualquer outro tipo de iluminação”, explica Simone Di Domenico, que fotografa em estúdio há mais de vinte anos.
Para a gaúcha, o esquema pode ser comparado a outro triângulo famoso – o da exposição. “[A combinação de] ISO, velocidade e diafragma, que são como vogais no alfabeto da fotografia, são princípios básicos e fundamentais, porém muitas vezes banalizados por alguns fotógrafos, principalmente na era digital”, observa a especialista.
Curiosamente, Simone raramente usa as três luzes. Uma única fonte, às vezes duas, é o máximo que ela costuma aplicar. “Tudo o que fizemos em estúdio é imitar a luz de Deus, o Sol, existe somente um e funciona tanto como luz principal, luz de preenchimento e recorte”, justifica, para depois ressalvar: “Aplico normalmente as três fontes de luz quando não há paredes brancas para que a luz possa rebater e voltar para a cena fotografada”.
Isso não a impede de entender do assunto. E recomendar o arranjo para quem está começando a se aventurar no estúdio, pela praticidade. “Colocando a luz principal a 45 graus do assunto, a luz de preenchimento na direção contrária com menor intensidade e a luz de recorte vinda do alto atrás do assunto, o esquema está simplificado e correto”. Simone, porém, adverte: não se deve ficar “limitado mentalmente” ao esquema. “Luz tem natureza, direção e intensidade. Qualquer pequeno movimento e tudo se altera profundamente”.
A luz de três pontos é bastante usada em fotografia de moda, beleza e retrato. Sua outra característica é a versatilidade. Luz contínua, de flash, até luz de vela pode ser usada, segundo a fotógrafa. “Onde há luz, há uma fotografia e se a conhecermos e dominarmos, ela pode ser o que quisermos e dar o resultado que desejarmos”. Simone também diz que qualquer modificador pode ser empregado: “Não existe regra, tudo depende do resultado que se busca”. No seu caso, o mais habitual é o softbox, que proporciona luz suave, e o refletor portrait, responsável por gerar uma luz mais intensa (dura).
Na prática, o triângulo funciona assim: a luz principal serve para a iluminação geral do assunto. A luz de preenchimento irá suavizar as sombras formadas pela luz principal e o recorte proporcionará um contorno no modelo, separando-o do fundo. Muitas vezes, a luz de recorte é também chamada de luz de cabelo.
“Costumo usar a lógica de que a luz principal será mais intensa e, por isso, valorizará o que quero mostrar. Então, é nela que faço a fotometria principal. A luz de preenchimento (o nome já dá a informação) deverá ter uma intensidade menor e poderá variar dependendo do grau de contrastes e sombras que se desejar. Já a luz de recorte vai depender do efeito desejado: pode ser sutil ou destacar-se das demais”, detalha a fotógrafa.
Embora seja um arranjo de estúdio, o triângulo de luz funciona em externas também. Segundo Simone, as possibilidades são infinitas: “Podemos usar uma única fonte de luz de flash iluminando o assunto principal, permitindo que a luz natural funcione como preenchimento. Se posicionarmos a modelo de costas para o Sol, o mesmo pode se tornar uma luz de recorte. Podemos também usar a luz do sol como a principal, ou a ignorarmos totalmente, basta montarmos um esquema com o triangulo de luz em alta potência, dando assim a impressão de estar fotografando em estúdio. Tudo é possível, basta saber o que se quer e dominar a técnica”.
Muito bom as dicas …