Hildegard Rosenthal: a primeira mulher fotojornalista do Brasil
Além de Gioconda Rizzo, a primeira fotógrafa do Brasil, outra mulher também marcou seu nome na história da fotografia. Hildegard Baum Rosenthal (1913 – 1990) é considerada a primeira mulher fotojornalista do Brasil. Ela fez parte da geração de fotógrafos europeus que emigraram durante a Segunda Guerra Mundial para o nosso país e contribuíram na renovação da estética fotográfica dos jornais brasileiros.
Hildegard nasceu em Zurique, na Suiça, e viveu até sua adolescência em Frankfurt (Alemanha), onde estudou Pedagogia de 1929 até 1933. Viveu em Paris entre 1934 e 1935. Ao regressar a Frankfurt, estudou fotografia no Instituto Gaedel, com Paul Wolf, especialista em câmera de pequenos formatos e técnicas de laboratório. Foi contratada como fotógrafa pela empresa Hein Mainischer Bildverlag, até que precisou deixar a Alemanha por conta do regime nazista, passando brevemente por Paris, antes de emigrar para o Brasil, especificamente em São Paulo, em 1937.
Em 1938 começou a trabalhar como orientadora de laboratório na empresa de materiais e serviços fotográficos Kosmos, na Rua São Bento. Ainda naquele ano, a agência Press Information contratou-a como fotojornalista. Foi quando realizou reportagens para jornais nacionais e internacionais e teve fotos publicadas no “La Prensa”, de Buenos Aires, “Gazeta do Sul”, de Cananeia, e “Folha da Noite”, “Folha da Manhã” e “Estado de São Paulo”.
As fotos de São Paulo registam o cotidiano da vida urbana: o fluxo de pessoas nas ruas, o transporte público, a arquitetura, vendedores ambulantes e cidadãos comuns em situações prosaicas. Hildegard registrava pessoas desconhecidas e também modelos que simulavam circunstâncias do dia a dia. Suas imagens têm poucos espaços vazios. O negativo enche-se quase totalmente com conteúdos que se apresentam de maneira equilibrada e clara. Valoriza os meios-tons e os detalhes à sombra, o que demonstra sua intenção de registrar o máximo de informações. As fotografias eram tiradas com câmeras da Leica e da Graflex, e posteriormente com uma câmera Rolleiflex.
Durante esse período, também realizou fotografias no estado do Rio de Janeiro e de outras cidades do sul do Brasil, além de retratar diversas personalidades da cena cultural brasileira, como o pintor Lasar Segall, os escritores Guilherme de Almeida e Jorge Amado, o humorista Aparício Torelly (Barão de Itararé) e o desenhista Belmonte. Suas imagens procuravam capturar os artistas em momentos de criação. Em 1981, Hildegard chegou a afirmar: “A fotografia sem pessoas não me interessa”.
A fotógrafa interrompeu sua atividade profissional em 1948, após o nascimento de sua primeira filha. Em 1959, depois da morte de seu marido, assumiu a direção da empresa familiar S.A – Equipamento Hospitalar Dentário.
Em 1966, o Instituto Moreira Salles adquiriu mais de três mil negativos de Hildegard Baum Rosenthal, nos quais destacam-se cenas urbanas de São Paulo dos 1930 e 1940, período em que a cidade passou por um crescimento vertiginoso, tanto material como cultural. Outros negativos da fotógrafa foram doados por ela ao Museu Lasar Segall.
Hildegard Rosenthal faleceu em São Paulo, em 16 de setembro de 1990. Através do movimento de renovação da linguagem moderna de sua produção, a fotógrafa exerceu forte influência em artistas como Aldo Bonadei, Manuel Martins, Alfredo Volpi, Fúlvio Penacchi, entre tantos outros.
Referências:
- «Hildegard Rosenthal en la Enciclopedia Itaú Cultural»
- ↑ «Filha reúne em livro material inédito sobre a fotógrafa Hildegard Rosenthal». Folha de S.Paulo
- ↑ «Hildegard Rosenthal». Instituto Moreira Salles. Consultado em 13 de outubro de 2018. Arquivado do original em 9 de março de 2016