Gestantes: dicas de um ensaio criativo

1 Ensaio Carol e Rafa 089

Na primeira parte deste artigo, abordei algumas dicas básicas para quem procura desenvolver um estilo criativo, elaborando ensaios diversificados, fugindo da mesmice. Hoje, vou dar alguns toques menos óbvios – mas tão interessantes quanto os primeiros! – para levar seu trabalho a outro nível e garantir que suas fotos se destaquem na multidão.

PÓS-PRODUÇÃO: quando a gente começa a fotografar, percebe logo no início uma coisa muito interessante: as fotos que saem da nossa câmera – por mais bem expostas, compostas e lindas que estejam – não têm o mesmo tchan que as dos fotógrafos que admiramos e vemos por aí. Não têm o mesmo contraste, a mesma nitidez, a mesma cor etc.

O segredo disso está no trabalho que a imagem recebe na pós-produção – a foto não sai pronta da câmera. A imagem, para ser bem acabada, precisa passar por um processo de tratamento que é realizado utilizando softwares específicos como o conhecido Photoshop e o Lightroom. Às vezes são necessários pouquíssimos ajustes, às vezes precisa de um enorme trabalho de tratamento para chegarmos ao estilo que queremos. O mais importante é estudar a ferramenta que você vai utilizar e os diferentes recursos que ela traz para aperfeiçoar a sua foto, deixando-a com o estilo que você quer, pelo qual você vai ser conhecido. A foto que abre este artigo e a que está abaixo ilustram um estilo de pós-produção que eu gosto, tanto em cor quanto em preto e branco.

 

DÊ AÇÕES PARA SEUS PERSONAGENS FAZER: às vezes, nós temos uma imagem na cabeça e não sabemos como transformá-la em uma foto marcante e ao mesmo tempo natural, sem parecer forçada. A direção de modelos não é um bicho de sete cabeças, mas também não é uma prática tão óbvia quanto se pode pensar. Não adianta chegar para o ensaio sem ideias, porque o fotógrafo não pode se dar ao luxo de ter um branco. Faz parte do nosso trabalho saber o que fazer durante todo o tempo de ensaio e, para isso, é necessário um repertório de poses de base criativa, além de ideias originais. O ideal é já imaginar as fotos que você quer fazer e pensar em como fazer para chegar a elas – que ações dar aos seus clientes fazerem. No exemplo da foto da Carol (abaixo), eu não poderia dizer apenas para ela “coloque a mão atrás da orelha segurando o seu cabelo” porque provavelmente o resultado não seria natural. Além disso, o cliente não fica à vontade e fica imaginando se “está fazendo certo”, quando não há certo ou errado a fazer.

É preciso levar a pessoa, aos poucos, a fazer a ação que vai resultar na pose que você imaginou. Ao posicionar o cliente e se posicionar, imagine a imagem e vá dando instruções para a pessoa até que o movimento dela coincida com o seu objetivo. Isso também serve para fazer os clientes passearem, se beijarem, olharem um para o outro ou para determinados lugares, darem risadas etc.

 

AB– USE DOS CORTES: posso ser suspeita para falar, mas eu adoro os cortes inusitados nas fotos. Acho que a foto acaba tendo mais peso estético e artístico do que quando é somente um retrato. No meu caso, adoro focar na expressão corporal das pessoas, deixando os rostos de fora da composição e também trabalhar somente com metades. Mas essa é uma característica específica do meu gosto e do meu estilo e eu entendo que não agrade a todo mundo. O importante aqui é você descobrir o que te agrada e não ter medo de arriscar.

 

GRAFISMO E SIMETRIA: o grafismo e a simetria são elementos básicos presentes na produção de qualquer arte visual e são muito utilizados na fotografia. O grafismo compreende a inclusão de elementos geométricos, marcantes em cores e formas, e repetições para trazer força à imagem. Já a simetria compreende utilizar técnicas de espelhamento entre os elementos para compor a imagem de forma mais interessante. Mais uma vez, é importante estudar diversos tipos de técnicas de composição de imagens para identificar quais te agradam mais para ajudar a compor o seu estilo. No meu caso, eu amo trabalhar com as duas técnicas.

Exemplo de uso de grafismo (além do corte inusitado)…
…e da simetria

 

O FOCO DA FOTO NÃO PRECISA ESTAR EM FOCO: outra característica peculiar do estilo de alguns fotógrafos é trabalhar com elementos fora de foco, mas que também trazem um peso à foto. Pode ser uma parte da foto ou a foto inteira sem foco. Essa técnica traz uma leveza à imagem que foge da obviedade e mostra um trabalho bem diferenciado. No exemplo abaixo, a foto traz o foco nos pés dos clientes, mas trouxe uma expressão muito bacana dos seus rostos fora de foco, o que fez com que ela fosse uma das minhas preferidas da série no ensaio.

No caso abaixo, o foco da foto já era mesmo o Theo segurando o dedo da mamãe Renata enquanto adormecia, porém o segundo plano desfocado complementa a ideia principal, mostrando o bebê dormindo e o olhar da mãe.

Exemplos bastante comuns são também o trabalho com luzes de fundo fora de foco, que são imagens lindas e super aproveitáveis em álbuns, para compor com outros retratos.

NÃO PARE DE CLICAR NUNCA: complementando um pouco a dica das ações a serem dadas aos clientes, é importante ressaltar que não é possível fazer a imagem perfeita com apenas um clique de primeira (mentira, não é impossível… mas aí já é contar com uma grande dose de sorte!). Ao trabalhar com os clientes em movimento e executando ações contínuas que levarão à imagem que você quer produzir, é interessante usar o modo de disparo contínuo da câmera ou clicar repetidamente em sequência. Além disso, até os seus clientes chegarem ao resultado que você quer, muitas outras imagens bacanas são produzidas! Especialmente se for num momento em que você quer capturar risadas e sorrisos genuínos, o ideal é não parar de clicar enquanto conversa com os seus fotografados, dirigindo-os e compondo várias imagens diferentes.

No caso da Julia e da Bianca (abaixo), elas começaram a brincar sentadas e foram mudando de posição, evoluindo, com a ajuda da direção, até chegar nesta foto. Nesse caso, é importante continuar sempre conversando com os clientes e clicando sem parar, muito atenta aos movimentos, que são bem rápidos.

E essas foram as minhas ideias do que eu acho que ajuda a compor um repertório diferenciado de um fotógrafo de famílias. Espero que essas dicas possam ajudar os fotógrafos que buscam desenvolver ensaios criativos e únicos, proporcionando um crescimento qualificado no mercado de jovens fotógrafos brasileiros.

Eu adoraria ouvir o que você achou deste artigo de estreia. Deixe seu comentário aqui ou escreva para: contato@anatelma.com.br. Críticas e sugestões para os próximos textos são muito bem-vindas!

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