Gabriel Chaim, fotógrafo nascido em Oriximiná, cidade do oeste do Pará, não começou sua trajetória como fotojornalista. Formado em gastronomia pela faculdade Anhembi Morumbi de São Paulo, estudou fotografia em Firenzi, na Itália, e se especializou em fotografia de comida em Dubai, nos Emirados Árabes, onde trabalhou durante um ano para financiar seu projeto Kitchen4life, através do qual documenta o cotidiano dos refugiados com o intuito de fazer alguma diferença para eles.
Uma tarefa que ele tem levado a extremos. Além de percorrer campos de refugiados em países como Jordânia e Irã, Chaim foi ver de perto a situação dos que não puderam sair do país e tentam levar a vida, apesar dos tiros e das bombas. Esteve em Aleppo, cidade disputada por rebeldes e soldados do governo, e acompanhou a rotina dos combatentes do exército livre sírio (FSA), testemunhando mortes e destruição.
Mas não é esse o lado da história que ele quer ressaltar. Chaim busca esperança nos escombros e um olhar no futuro. “Quero mostrar a realidade que presenciei, tentando assim sensibilizar o público da atual realidade dos refugiados, para de alguma forma ajudar”, explica Gabriel.
“Já levei muito ‘não’ na cara, então hoje ando com minhas pernas, sem criar expectativas em relação a outras pessoas”, diz Gabriel, que realiza seu trabalho no front da mesma maneira, sozinho. “Acho melhor, pois não tenho que dar satisfação a ninguém, sendo responsável por mim”, justifica.
Por outro lado, ele mantém uma parceria com uma organização síria que ajuda 600 crianças com comida, escola e provisões. Outras entidades, como a Cruz Vermelha, usam suas fotos para obter donativos. Ele também vende vídeos e fotos do conflito para agências internacionais – é um dos poucos jornalistas ocidentais a atuar na região.
Já devem lhe ter perguntado uma dezena de vezes por que razão faz isso, deixar mulher e filha para se arriscar a dez mil quilômetros daqui, quando tão poucos parecem se importar. Uma pergunta que em si oferece a resposta: “As pessoas se preocupam com seu interesse singular, esquecendo assim de ajudar outras pessoas. Isso precisa mudar, e é por isso que faço esse trabalho. Quero mostrar que crianças estão morrendo, precisando de ajuda do Ocidente, que no caso fechou os olhos para os problemas dos refugiados”, declara Gabriel Chaim.