Fotojornalista é flagrada manipulando cena de criança queimando uma máscara
Recentemente publicamos uma reportagem de como a mídia pode manipular a realidade através da fotografia usando duas perspectivas diferentes (se ainda não leu, clique aqui). Agora, uma fotógrafa está sendo acusada de dirigir e montar cenas de uma criança jogando uma máscara em um barril em chamas durante um protesto contra o uso de máscaras em Oregon, nos Estados Unidos.
Diferente da fotografia comercial ou social, onde é normal que fotógrafos peçam para modelos e clientes fazerem determinadas poses ou movimentos, no fotojornalismo isso é inaceitável e visto como uma manipulação da realidade. Ao fotojornalista cabe apenas fazer os registros das cenas sem nenhum tipo de interferência nos fatos.
Porém, a fotojornalista Maranie R. Staab está sendo acusada de encenar, coordenar e orientar as pessoas para fazer ações para melhorar o impacto da composição de suas fotos, ou seja, ela estava criando cenas que talvez na realidade, de forma natural, nunca existissem.
O caso veio à tona após um vídeo postado no Twitter, onde mostra a fotojornalista em meio a uma manifestação pedindo a uma mulher e uma criança para jogar uma máscara numa lixeira em chamas para criar uma foto mais impactante.
Aqui não se trata de discutir ser a favor ou contra o uso de máscaras, mas sim a atitude anti-ética da fotojornalista de dirigir uma cena, quando sua missão é apenas registrar os fatos. Até porque é notório que a fotojornalista, que está usando máscara, não é adepta ou simpatizante dos manifestantes. Então, fica claro que ela criou a imagem não por questões ideológicas ou crenças de ser contra ou a favor do uso de máscaras, mas simplesmente por razões estéticas e fotográficas. Veja abaixo o vídeo e tire suas próprias conclusões sobre a atitude da fotógrafa.
Posteriormente, a foto criada pela fotojornalista foi colocada à venda no famoso banco de imagens Getty Imagens. Porém, quando a empresa tomou conhecimento do vídeo, imediatamente, removeu a imagem do seu acervo e encerrou seu relacionamento como a fotojornalista. A Getty Images alegou que a fotógrafa violou as políticas editoriais da empresa, que proíbe a interferência de fotojornalistas durante a captura das fotos.
“A Getty Images mantém um alto padrão de integridade editorial e temos a responsabilidade de fornecer documentação fiel e abrangente dos eventos que cobrimos. Recentemente, tomamos conhecimento deste vídeo, que parece retratar uma fotógrafa freelancer fotografando em violação aos nossos padrões editoriais. Removemos o conteúdo assim que tomamos conhecimento deste vídeo no início deste mês e informamos ao fotógrafo que as fotos violavam os padrões editoriais da Getty Images e foram removidas.”