O Cruzeiro e as origens do nosso fotojornalismo

Índio Iaualapiti, 1949, Serra do Roncador (foto: José Medeiros/Acervo Instituto Moreira Salles)

Lançada pelos Diários Associados de Assis Chateaubriand em 1928, a revista O Cruzeiro fixou um marco na história da imprensa brasileira. A “maior e melhor revista da América Latina” tornou-se um veículo influente na vida nacional e inaugurou o fotojornalismo no país, tendo abrigado em sua redação uma geração de talentosos fotógrafos, entre os quais Jean Manzon, José Medeiros, Luciano Carneiro, Peter Scheier, Marcel Gautherot, Pierre Verger, Flávio Damm, Luiz Carlos Barreto e Henri Ballot.

Com o objetivo de entender a extensão dessa contribuição, o Instituto Moreira Salles (IMS) de São Paulo abre dia 22 de novembro, às 19h30, a exposição As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960), com mais de 400 imagens e matérias que revelam a história da principal revista ilustrada brasileira do século 20.

O presidente Getúlio Vargas escreve no gabinete, década de 1940 (foto: Foto: Jean Manzon/CEPAR Consultoria)

Com foco no período entre 1940 e 1960, a mostra tem como fio condutor a relação entre as imagens produzidas pelos fotógrafos e as fotorreportagens tal como foram publicadas. A curadoria é da professora e curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, Helouise Costa, e de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS.

Na exposição, serão apresentadas algumas das contribuições de Jean Manzon, José Medeiros, Peter Scheier, Henri Ballot, Pierre Verger, Marcel Gautherot, Luciano Carneiro, Salomão Scliar, Indalécio Wanderley, Ed Keffel, Roberto Maia, Mário de Moraes, Eugênio Silva, Carlos Moskovics, Flávio Damm e Luiz Carlos Barreto. Muitas das imagens pertencem ao acervo IMS. Outras foram cedidas por outros arquivos: jornal Estado de Minas, Fundação Pierre Verger, Acervo Público do Estado de São Paulo, Coleção Samuel Gorberg e os acervos pessoais de Luiz Carlos Barreto e Flávio Damm.

Carmem Miranda, década de 1940

A exposição busca também refletir sobre o conceito de fotojornalismo e entender o papel social do semanário na vida nacional por meios dos temas abordados em suas reportagens, ao mesmo tempo em que analisa a evolução desse mesmo fotojornalismo segundo a experiência da revista, que estabeleceu um estilo mais ágil e espontâneo a partir da saída de Jean Manzon em 1951, cuja orientação estava mais para a encenação e os registros posados, dando início ao moderno fotodocumentário.

As origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960) permanece em cartaz até 31 de março de 2013, com entrada gratuita. Após esse período, segue para o IMS de Poços de Caldas (MG). A mostra também esteve no IMS do Rio, entre julho e outubro deste ano.

 

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