“Lady in red dress”, ícone da revolução

Fenômeno típico de nossos tempos, em que grandes manifestações surgem por graça das redes sociais e fotos circulam o globo no piscar de um clique do mouse, uma imagem foi rapidamente alçada à condição de ícone e virou símbolo da revolta civil contra o governo da Turquia, que ocorre desde 31 de maio.

A Mulher do vestido vermelho (Lady in red dress), como foi batizada a foto, tem sido replicada em cartazes dos manifestantes e se espalhou pela internet, turbinando a onda de protestos. A imagem (na verdade, uma sequência) foi capturada na praça Taksim, em Istambul, no dia 4 de junho, e mostra um policial lançando spray de pimenta sobre o rosto de uma jovem vestida de vermelho, a estudante Ceyda Sungur.

A gratuidade do ataque (a manifestação ocorria de modo pacífico e a moça do vestido vermelho mais parece uma curiosa surpreendida em meio ao protesto que uma manifestante raivosa) contribuiu para elevar o status da imagem, reforçando a ideia de que o governo conservador do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan tem respondido com brutalidade às críticas sofridas, acusado de tentar “islamizar” a sociedade turca. Três pessoas morreram e mais de 4 mil ficaram feridas até aqui. O autor da foto, Osman Orsal, da Agência Reuters, se encontra entre os últimos: no dia seguinte à já famosa foto, ele foi atingido na cabeça por um cilindro de gás lacrimogêneo.

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