Fotógrafo vence concurso fotográfico com imagem criada por IA e recusa prêmio de R$ 25 mil
O experiente fotógrafo Boris Eldagsen ganhou uma das principais categorias do Sony World Photography Awards 2023, um dos concursos fotográficos mais famosos do mundo, e se recusou a receber o prêmio de US$ 5 mil (cerca de R$ 25 mil).
Boris Eldagsen, inscreveu uma imagem gerada por inteligência artificial (IA) chamada “Memória Falsa”, na categoria “Criatividade”. E para sua surpresa, ele venceu a categoria e ganhou um prêmio de US$ 5.000 (cerca de R$ 25 mil). Porém, desde quando foi anunciado como vencedor o fotógrafo recusou o prêmio. Segundo Boris, ele estava apenas explorando as possibilidades de criar imagens com IA após uma carreira de mais de 20 anos como fotógrafo convencional. Veja a imagem que o fotógrafo criou e venceu o concurso:
A imagem vencedora provocou mais controvérsias sobre o assunto de imagens geradas por IA versus fotografia tradicional, especialmente em relação a participação delas em concursos fotográficos. Eldagsen inscreveu a imagem na competição em dezembro de 2022, entendendo que estava dentro das regras da categoria “Criatividade”. “Eu me inscrevi sem colocar nenhuma informação adicional sobre o modo de produção, já que o Sony World Photography permitia o uso de qualquer dispositivo para criar as imagens”, disse Boris, defendendo seu direito e legitimidade de participar da premiação.
Então, se ele não queria o prêmio e estava apenas explorando a criação de imagens IA, por que inscreveu a imagem no concurso? Até março de 2023, quando Boris recebeu a notificação de que tinha vencido o concurso, o Sony World Photography Awards não tinha ideia de que a imagem tinha sido gerada por IA. Porém, ao ser receber a mensagem que era o vencedor, o fotógrafo informou os organizadores que a imagem tinha sido criada por IA, que ele não aceitaria a premiação e que seria ótimo se a Sony abordasse o assunto num painel de discussão.
“Imagens e fotografia de IA não devem competir entre si em um prêmio como este. São entidades diferentes. IA não é fotografia. Portanto, não aceitarei o prêmio”
A competição respondeu simplesmente que Boris poderia ficar com o prêmio. Depois disso, Boris foi aparentemente inundado com pedidos de entrevistas querendo saber se a imagem tinha sido gerada por IA ou não, insinuando que algum tipo de ação ilegal da participação da imagem no concurso. Boris, porém, afirma que em nenhum momento ele tentou esconder o fato de que a imagem tinha sido gerada por IA.
Boris tentou diversas vezes incentivar que a competição abrisse uma discussão sobre o assunto, mas sem sucesso. No final, ele foi até Londres para receber o prêmio em uma cerimônia, apenas para recusá-lo e sugerir que o dinheiro fosse doado para um festival de fotografia na Ucrânia. Ele subiu no palco da premiação e disse o seguinte: “Obrigado por selecionar minha imagem e fazer deste um momento histórico, pois é a primeira imagem gerada por IA a vencer em uma prestigiosa competição internacional de FOTOGRAFIA. Quantos de vocês sabiam ou suspeitavam que era gerado por IA? Algo sobre isso não parece certo, não é? Imagens e fotografia de IA não devem competir entre si em um prêmio como este. São entidades diferentes. IA não é fotografia. Portanto, não aceitarei o prêmio”.
A manobra publicitária de Boris parece ter dado certo, pois a partir da recusa de receber o prêmio na própria cerimônia de premiação espalhou a notícia e está gerando um grande debate sobre o tema. Mas é certo que estamos apenas no início dessa discussão sobre a participação de imagens IA em concursos fotográficos. Com certeza, veremos muitas outras imagens geradas por IA ganhando concursos fotográficos. Isso é apenas o começo. Tanto organizadores das premiações, como fotógrafos, ainda estão tentando entender essa nova forma de arte e como ela vai se encaixar em inúmeras áreas e caminhar junto com a fotografia convencional.