Fotógrafo Marcelo Buainain é premiado em duas categorias no POY Latam 2015
Para ele, o reconhecimento duplo não é uma vitória isolada do fotógrafo, mas carrega também o mérito da espécie dos jumentos, hoje vítimas “da ingratidão humana, do abandono e da ameaça de extinção”
O fotógrafo brasileiro Marcelo Buainain recebeu prêmios de primeiro e segundo lugar com duas de suas fotografias no POY Latam 2015, realizado no México. Ambas fazem parte do livro Era Uma Vez… (para download grátis no site do fotógrafo). “A aquisição de cada prêmio sempre representa alguma conquista. Esses dois do POY Latam, em particular, tiveram um sentido especial pelo fato das duas fotografias premiadas serem referentes ao projeto Era Uma Vez… que, desde a sua concepção, teve como objetivo principal documentar a importância cultural, social e econômica que os Jumentos – os Jegues – exerceram na nossa sociedade, em especial no nordeste brasileiro”, conta o fotógrafo.
O primeiro lugar foi recebido na categoria Cotidiano Individual com a imagem de um homem carregando um jumento no colo.” Símbolo de resistência e desenvolvimento do nordeste brasileiro, o burro foi um animal que se adaptou tantos as condições adversas do sertão (interior do país, geralmente castigado pela seca) assim como as do litoral do país. Graças à esse animal açudes e estradas foram construídas, assim como o abastecimento de água e transporte de pessoas também foram realizados no lombo dos burros”, diz a descrição da foto.
Na categoria Retrato Individual, Buainain recebeu o segundo lugar em retrato de menino com um jumento, também parte do livro Era Uma Vez… Para Marcelo Buainain, o POYLATAM, apesar de não possuir premiação material em algumas categorias, hoje tem grande importância para a comunidade fotográfica mundial. “Por exemplo, na sua edição anterior, fotógrafas como Mary Ellen Mark e Cristina Garcia Rodero fizeram parte da banca julgadora, são dois talentos cujos trabalhos me inspiraram muito. Sinto-me horando uma vez que o que o livro Mi Amas Vin, de minha autoria, em 2013 foi um dos destacados com a Menção Honrosa de Melhor Livro do Ano”, conta Buainain.
Tendo abandonado a fotografia por 10 anos, Marcelo Buainan também comentou sobre este retorno e o que a parada significou em sua obra. Sua relação atual com a fotografia é buscar um fazer mais tranquilo. “Fotografo apenas no que acredito e felizmente não dependo do mercado fotográfico, dos editores, curadores e galerista, o que me faz sentir autêntico e liberto”.
Neste ano, o fotógrafo Mauricio Lima também ganhou o prêmio de fotógrafo do ano no concurso fotográfico POY Latam. O prêmio recebeu mais de 31.100 fotos e 168 projetos multimídia inscritos por 1.300 fotógrafos de diversos países da América Latina e da Península Ibérica.
Parabéns ao Marcelo Buainain pelo conjunto da obra, ou seja, pelo livro, pelas premiações e pelas fotos. Já conhecia o seu trabalho sobre os jegues – animais valentes e rudes que tiveram um papel preponderante na vida do nordestino e hoje são caçados e mortos para servirem de comida aos presos, nas penitenciárias do Norte e Nordeste. É o lado perverso da vida…