O fotógrafo Fabiano Ignácio, de Santos, no litoral de São Paulo, é um entusiasta da fotografia analógica e colecionador de câmeras antigas. Recentemente ele ganhou de uma amiga uma Kodak Instamatic 177 XF, câmera para filme 126 do final da década de 1970. Dentro do equipamento, havia um filme nunca revelado.
“Foi este ano que eu comecei a abrir mão do digital, para justamente ‘reaprender’ a fotografar. Eu já tenho 10 câmeras analógicas e essa foi a primeira que veio com um filme”, contou em entrevista ao site do G1. “É um material raro, que não se fabrica mais e também não há laboratório que ainda o revele.”
Fabiano decidiu arriscar e tentou revelar o já descontinuado filme 126 no pequeno laboratório que mantém em casa. Das 24 poses, apenas quatro imagens apareceram. Em uma delas havia duas meninas abraçadas. Nas outras três tinha um cachorro da raça poodle.
Para descobrir a história da foto, a esposa de Fabiano, Simone Anjos, decidiu compartilhar a imagem através de uma rede social. A resposta veio mais rápido do que eles imaginavam. A postagem viralizou pela internet e no dia seguinte eles descobriram quem eram as meninas. A agente de turismo Erika Ikedo, hoje com 41 anos, se reconheceu e marcou a prima, a consultora comercial Soraya Galvão Galli, de 32 anos.
“Foi uma sensação de surpresa. Não sabíamos se éramos nós, mas a gente foi olhando e confirmou. Eu fiquei muito feiz. Nós voltamos no tempo”, lembra, emocionada.
A foto foi tirada pelo avô das meninas, que faleceu há cerca de cinco anos e teve alguns bens doados pela família. Entre eles, a câmera obtida pela amiga do fotógrafo em uma feira em São Vicente, cidade vizinha a Santos. As duas estimam que a foto foi registrada há 21 anos, após uma apresentação de patinação artística de Soraya, no Clube Internacional de Regatas, na Ponta da Praia de Santos.
O cachorro registrado nas outras três fotos era o Franklin Junior, que viveu com Soraya durante 18 anos. A foto também foi tirada por seu avô, na cama dele, provavelmente na mesma época, segundo conta a jovem, que ganhou uma cópia da primeira foto de Fabiano e que também fez questão de registrá-la no mesmo corredor, desta vez com a família – a Erika não pode comparecer no encontro.
“A fotografia analógica evidencia a importância do registro, do contar um pouquinho da nossa história. É trazer memória. E isso a gente acabou resgatando, por acaso, aqui”.