Na última sexta-feira, o fotojornalista do Los Angeles Times, Marcus Yam, estava corajosamente fotografando nas ruas de Cabul, no Afeganistão. O país vive um clima de terror após as tropas americanas deixarem o país e o grupo terrorista Talibã tomar novamente o poder. Enquanto clicava os protestos anti-Talibã, subitamente, ele levou um soco e foi espancado por membros do movimento fundamentalista. Como publicamos aqui no iPhoto Channel a menos de um mês, segundo a ONU – Organização das Nações Unidas, 39 fotojornalistas foram mortos em ação, entre 2018 e 2021, documentando a violência no Afeganistão.
“Em algum momento, me virei para tirar uma foto de uma briga quando alguém puxou a alça da minha câmera e eu senti a conexão de energia cinética de um punho ao lado da minha cabeça. Um membro do Talibã havia me dado um soco e eu cai no chão. Ele era um homem alto e forte que começou a gritar em dari, o idioma local, apontando para nossas câmeras”, lembrou o fotógrafo.
Após isso, outros dois militantes do grupo extremista espancaram Yam e seu companheiro jornalista. Apesar dos esforços de Yam para se identificar como jornalista estrangeiro as agressões não cessaram. “Por favor, não nos machuque. Somos jornalistas, somos estrangeiros”, dizia Yam ao seu agressor, que estava segurando um rifle de assalto Kalashnikov. “Somos mídia. Temos permissão para trabalhar”, dizia o fotógrafo.
Os dois profissionais foram presos e Yam foi obrigado a apagar todas as fotos de sua câmera. O espancamento só parou quando um segundo membro do Talibã, que falava inglês, finalmente entendeu que Yam e seu companheiro faziam parte da imprensa internacional. A partir disso, os terroristas mudaram completamente suas atitudes. “Ele se desculpou profundamente pelos problemas, mas não por nos espancar. Eles ficaram solícitos: trouxeram uma garrafa de água gelada e uma lata de energético Monster Energy para cada um de nós”, relatou Yam.
“O segundo membro do Talibã nos perguntou: ‘Por favor, você poderia me dizer quem bateu em você? Vamos capturá-lo e puni-lo. Eu olhei para meu colega sem acreditar. Foi uma cena surreal”, contou o fotógrafo. Depois disso, Yam e o colega jornalista tiveram permissão para chamar um motorista para sair do lugar.
Depois de retomar o Afeganistão, o Talibã deu entrevistas para a imprensa nas quais prometeu de tudo, desde direitos para as mulheres, anistia para ex-soldados afegãos e até liberdade de imprensa. Mas tudo não passa de um jogo de cena para atrair apoio de alguns países com o mesmo tipo de governo ou outros complacentes com regimes nada democráticos. Fotógrafos e jornalistas estão colocando suas vidas em risco para poder reportar ao mundo que esse quadro não é verdade e que o povo afegão precisa de ajuda.