Chega a ser chocante que, em pleno século 21, ainda existam pessoas presas a práticas culturais desumanas. Mas isso, lamentavelmente, ocorre. O Quênia se insere nessa realidade. Em algumas regiões do país, embora a lei tente banir, ainda são comuns os rituais de mutilação genital em meninas. Siegfried Modola, fotógrafo da agência Reuters, esteve no país recentemente e documentou essa cerimônia de “iniciação” entre os Pokot.
A tribo em questão vive no distrito de Baringo e é dividida entre agricultores (“gente do milho”) e pastores (“gente do gado”). Apesar das diferenças, tanto os Pokot dos montes quanto os da planície se consideram um único povo e mantêm, essencialmente, os mesmos costumes sociais e os mesmos ritos religiosos. Muitas cerimônias, crenças e rituais fazem parte da vida dessa tribo e eles acreditam que a base da iniciação de um membro na sociedade em que vive é a circuncisão, feita entre os quinze e os vinte anos nos homens, e após a primeira menstruação, nas mulheres.
No caso delas, a circuncisão, é na verdade a mutilação genital. O procedimento inclui a remoção parcial ou total dos órgãos genitais externos, além da costura da vagina. Eles utilizam qualquer coisa para fazer o corte, de lâminas de barbear a cacos de vidro ou tesouras quebradas, com a intenção de reduzir o desejo sexual da mulher antes de ela se casar. Mais de 125 milhões de mulheres e meninas de 29 países da África e do Oriente Médio já foram submetidas à pratica, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), que considera a prática uma violação dos direitos humanos.
Apesar de existir uma lei queniana em vigência que prevê prisão perpétua caso uma garota morra durante o procedimento, que além de dor extrema pode causar hemorragia, choque e complicações no parto, a “tradição” nunca deixou de existir. “A dor a fará mais forte. Ela pode mostrar ao resto da comunidade que pode suportar”, disse uma mãe depois de a sua filha ser circuncisada por um ancião Pokot.
Siegfried Modola capturou cenas de um ritual que aconteceu neste mês.
Fonte: Telegraph.