O fotógrafo catarinense Jean Habkost, da cidade de Jaguaruna, criou o projeto fotográfico InspiraDor, que busca ajudar mulheres na luta contra o câncer. “Minha mãe teve câncer de mama e isso mudou drasticamente nossas vidas. Quando você ouve a palavra câncer e entende que isso está acontecendo, na sua mente você associa à morte, pois não sabemos até onde está a doença e como iremos reagir ao tratamento. No caso da minha mãe o tratamento deu “certo” e nesse momento nasceu um sentimento de gratidão que eu precisava fazer algo para ajudar outras mulheres nessa luta também”, disse o fotógrafo.
O primeiro passo do projeto é convidar maquiadoras que queiram ser voluntárias para uma tarde de beleza, depois Jean divulgar em ONGs ou grupos de apoio a pacientes oncológicas a ideia do projeto. São convidadas 15 mulheres dispostas a serem fotografadas e que queiram compartilhar sua história de superação e luta contra a doença. “Vendo tudo o que minha mãe passou como mulher, vendo os preconceitos da sociedade com alguém em tratamento de câncer, pela cor da pele pálida e pela perda de cabelo, decidi usar o poder da fotografia para fortalecer a autoestima dessas mulheres e mostrar ao mundo que há beleza sim na dor, que há esperança sim nas batalhas da vida. Então de certa forma, o maior objetivo do projeto é levar esperança, fortalecimento da emoção de pacientes oncológicas e trazer o olhar do mundo com mais empatia para quem enfrenta um câncer”, contou Jean.
Todas as fotos são feitas em estúdio, geralmente num mesmo dia, mas por causa da pandemia deste ano, Jean dividiu as sessões em três dias com horário marcado para cada ensaio. O fotógrafo cria a iluminação dos ensaios com dois softboxes com luz contínua e usa geralmente uma lente 50mm ou uma 35mm na captura das fotos. “A ideia era recriar as pinturas do período Barroco, trazendo um tom de sacralidade nas imagens, então procurei reproduzir o princípio da Luz de Rembrandt com um fundo de lona batida. Desejei fotografar as modelos com os lenços que elas usavam por causa da perda do cabelo, também inspirado nas pinturas Barrocas e Renascentistas para mostrar que há beleza e feminilidade mesmo que tenhamos que usar um lenço”, explicou o fotógrafo, que todo ano realiza exposições em shoppings e outros espaços com as fotos e histórias do projeto para diminuir o preconceito e aumentar o apoio as mulheres que lutam contra a doença.
Leia abaixo o depoimento de algumas mulheres que participaram do projeto
“Bem, eu fiquei muito feliz e emocionada com a minha participação neste evento tão inspirador. Foi algo muito importante, que mexeu muito com os meus sentimentos. Me fez lembrar de toda a luta que passei e ainda passo…pois o câncer é uma luta diária e infinita, pois mesmo estando curada ou ainda em tratamento, temos que conviver com tudo que a doença nos trouxe, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Eu sempre tentei ser otimista, ter esperança, alegria e muita vontade de viver. Nunca perdi minha vaidade, mesmo em momentos em que me olhava no espelho e chorava por não ser mais a mulher de antes. Confesso que é difícil, luto todos os dias para tirar o melhor de mim, e dar ao mundo, dar amor as pessoas que eu amo. E projetos como esse, destacou ainda mais a mulher que sou: linda, forte e agradecida, e que cada click da câmera no ensaio, me fez lembrar que apesar das minhas cicatrizes no corpo e meu cabelo mais fininho devido a quimioterapia, ainda sou feminina e cheia de qualidades. Dou ainda mais valor ao meu corpo e minha saúde. O ensaio fotográfico, a maquiagem, as cores que combinam com meu tom de pele e roupa, o apoio, a conversa…tudo que vive naquele dia, nunca vou esquecer. Porque com o câncer, aprendi a dar valor em tudo e em todos que me rodeiam, e momentos como esse me faz ainda mais feliz e agradecida a Deus por estar viva.” – Camila Alves, Modelo
“O convite para participar do projeto, foi e tem sido um grande prêmio na minha vida. Ter um câncer e enfrentar todo o tratamento com as dores físicas e também as dores emocionais é o mesmo que ir para um guerra gigante (fico emocionada só de lembrar), e voltar dessa guerra cheia de muitas feridas e cicatrizes que em muitos momentos a gente não quer ver, não quer olhar para essas dores, não quer pensar sobre isso ao ponto de tentar esconder até da gente. Queremos fingir muitas vezes que não passamos pelo tratamento. E esse dia de princesa, esse dia de maquiagem e fotografia, foi um momento mágico! Sentar ali para ser fotografada foi como um remédio para as feridas que não tem pra comprar em lugar nenhum. Foi como o sol que aquece e ilumina e no meu caso, iluminou a fragilidade do meu momento e me fez pensar em uma frase que gosto muito que diz assim: ‘quando o coração é de sol, toda estação é verão’ então quero dizer Jean, que esse projeto aqueceu o meu frio… Da tristeza e da fragilidade do câncer na minha vida, muito obrigado de todo coração”. – Benta Attanasio, Modelo
“Participar do projeto InspiraDor, como maquiadora, foi muito gratificante para mim, porque lá eu pude conhecer mulheres que compartilharam suas vulnerabilidades contando um pouco da intimidade, e, que revelaram a força interior que cada uma delas têm. Essa partilha de emoções e de lutas que elas vivenciaram me trouxeram uma nova perspectiva sobre a vida e sobre o papel que a autoestima tem para nós. Ver o sorriso e o brilho no olhar de cada uma delas ao se olhar no espelho, para mim, não tem preço! E estas mulheres, especialmente, merecem se sentir cada dia mais lindas! Elas me mostraram o quanto a Dor vivenciada pode ser fonte de Inspiração para vivermos cada dia da melhor forma que pudermos viver! – Amanda Morais, Maquiadora Voluntária
Para saber mais do projeto acompanhe o perfil do fotógrafo Jean Habkost no Instagram.