Fotógrafo brasileiro vence prêmio regional do World Press 2022

O World Press Photo anunciou os vencedores de seu renomado concurso de 2022. Em sua 65ª edição, a competição mudou para um novo modelo que premia fotógrafos das seis regiões do planeta: África, Ásia, Europa, América do Norte e Central, América do Sul e Sudeste Asiático e Oceania. E já na primeira edição do novo formato, um fotógrafo brasileiro está entre os vencedores.

Na categoria “Projetos de Longo Prazo”, o fotógrafo Lalo de Almeida foi o grande vencedor na América do Sul. Lalo fotografou uma série intitulada “Distopia Amazônica” para a Folha de São Paulo/Panos Pictures, onde registrou a destruição da floresta e os impactos ambientais e sociais.

O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida | Crédito do retrato: Eduardo Knapp

“Em meio a todas essas notícias tristes que estamos vendo, uma coisa bacana: o meu projeto “Distopia Amazônica“ foi premiado na categoria Long-Term Project, América do Sul, no World Press Photo. Muito feliz de ter esse trabalho, ao qual me dedico há mais de 10 anos, reconhecido por um prêmio tão importante”, disse Lalo em uma postagem em seu perfil no Instagram.

O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida venceu a etapa regional do World Press Photo
Jasson Oliveira do Nascimento, morador da Reserva Extrativista Arapixi, no Amazonas, corta a vegetação para abrir caminho para a canoa em igarapé que leva ao Projeto de Assentamento Extrativista Antimary, onde coletam castanhas -Lalo de Almeida – 18.mar.2020/Folhapress

Lalo de Almeida (1970) é radicado em São Paulo e estudou fotografia no Instituto Europeo di Design em Milão, Itália. Ingressou no fotojornalismo trabalhando em pequenas agências de Milão cobrindo a crônica policial da cidade. Ainda na Itália fotografou temas nacionais e internacionais como a guerra na Bósnia. De volta para o Brasil  trabalhou no jornal Estado de S. Paulo, revista Veja e durante 23 anos trabalhou no jornal Folha de S. Paulo. Paralelamente ao trabalho na área jornalística sempre desenvolveu trabalhos de fotografia documental como projeto “O Homem e a Terra”, sobre as populações tradicionais brasileiras, que recebeu o Prêmio Máximo da I Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba em 1996 e ganhou o Prêmio Fundação Conrado Wessel em 2007.

O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida venceu a etapa regional do World Press Photo
Um menino ribeirinho brinca com seu cachorro na comunidade de Paratizão, às margens do rio Xingu, próximo à represa de Belo Monte. O local é cercado por grandes manchas de árvores mortas, em forma de palitos, formadas após a inundação do reservatório, numa área de cerca de 516 km2. A vegetação em decomposição libera gás metano e é mais prejudicial ao efeito estufa do que o dióxido de carbono.

Em 2017, seu ensaio sobre as vítimas do Zika vírus também foi premiado no World Press Photo. Atualmente, além de colaborar regularmente nas áreas de fotografia, vídeo e multimídia com o jornal Folha de S. Paulo, fotografa para o The New York Times, desenvolvendo trabalhos para o jornal norte-americano no Brasil. Em 2021, Lalo ganhou o prêmio Eugene Smith Fund Grant também pelo este projeto ao premiado pelo World Press Photo. 

O fotógrafo brasileiro Lalo de Almeida venceu a etapa regional do World Press Photo
Índios Mundurukus fazem fila para embarcar em avião no Aeroporto de Altamira após protestar contra a construção da Barragem de Belo Monte no Rio Xingu. Os Mundurukus habitam as margens do Rio Tapajós, onde o governo tem planos de construir novos projetos hidrelétricos. Mesmo após contra pressão de indígenas, ambientalistas e organizações não governamentais, o projeto de Belo Monte foi construído e concluído em 2019.

Após estar em os 24 vencedores regionais, Lalo está credenciado e pode ser um dos quatro vencedores globais do World Press Photo of the Year, World Press Photo Story of the Year, World Press Photo Long-Term Project Award e Prêmio World Press Photo Open Format, que serão anunciados em 7 de abril. Então, vamos ficar na torcida por Lalo trazer mais esse importante prêmio para o Brasil.

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