Fotografia newborn: quanto cobrar?

Gustavo

A fotografia de recém-nascidos encanta. O estilo “newborn” vem ganhando cada vez mais espaço no mercado brasileiro e é assunto frequente nos congressos e feiras de fotografia. Cada vez mais profissionais se especializam nesse nicho específico, que atrai a curiosidade e o interesse até de quem não era fotógrafo e vê nessa área uma oportunidade de buscar algo novo como profissão. São todos bem-vindos!

Como falamos no post anterior, realmente fotografar bebês é algo mágico e encantador, o mercado é crescente e se mostra próspero, mas é preciso estar ciente de que se trata de uma atividade trabalhosa, embora não pareça à primeira vista, e que requer cuidados especiais, principalmente no que tange à segurança, conforto e ética com relação ao bebê.

Dito isso, podemos evoluir mais nossa conversa e começarmos a ver como é esse mercado em termos de valores, que serviços e produtos estão inclusos num “pacote de fotografia newborn”, quanto tempo dura uma sessão, que infraestrutura é necessária para a produção desse tipo de fotografia, entre outras coisas, para assim podermos ter uma base de quanto cobrar.

Num mercado tão novo é natural que os clientes ainda não saibam quanto custa esse tipo de trabalho, pois não há termos de comparação. Assim, são os fotógrafos profissionais que vão aos poucos formando essa referência.

Claro que – como em todas as outras áreas da fotografia – não há como “tabelar” os preços. Cada um deve se posicionar de tal forma que atinja o público com o qual pretende trabalhar. Isso varia muito de região para região do país, dentro dos estados também há diferenças de preços dependendo da cidade onde se atua, assim como o nível socioeconômico do cliente. Mas, num ponto em comum todos devemos chegar, pelo menos quem já experimentou fazer esse tipo de fotografia: não dá pra cobrar “baratinho”!

Esse é de fato um produto diferenciado e o tempo exigido para cada sessão, isto é, o trabalho que dá para fazer, deve ser valorizado, tanto pelo próprio profissional quanto pelo seu cliente. Mas já que estamos formando esse novo mercado, acredito que cabe ao profissional se posicionar. No entanto, é importante deixar claro: se o que se vai cobrar não é barato, ele deve ter qualidade! O que estou querendo dizer é que não se trata de cobrar “caro”, é preciso entender que tudo deve estar alinhado: valor, custos, especificidade do trabalho, cuidados, produção, qualidade fotográfica…

Então vamos apenas fazer uma lista, por alto, para ajudar a visualizar o que está em questão, para assim cada um poder tirar suas conclusões.

Não estranhem, por favor, o excesso de palavras em inglês. Junto com o estilo e sua própria nomenclatura, importamos alguns termos (props, wraps, layers…). Algo que aos mais nacionalistas causa arrepios, para nós, fotógrafos dessa área, acaba sendo recebido de forma natural e, digamos, globalizada, já que muitos produtos nós encontramos – por enquanto – apenas no mercado estrangeiro. Como os “wraps”, por exemplo: não se trata de um simples paninho ou fraldinha para embrulhar o bebê. O tecido é especial, possui uma elasticidade confortável que ao mesmo tempo segura o bebê, não aperta e nem faz marquinhas na sua pele delicada. Aconselho, inclusive, a adquirir uns dois ou três desse tecido. Invista primeiro em cores neutras, que sirvam para meninas e meninos, e depois, aos pouquinhos, vá incrementando sua produção. De qualquer forma, esse é um item que vale a pena investir.

Daí, vocês já vão vendo quanto investimento! Mas ainda não terminou: como e o que exatamente você vai entregar?

Isso tudo são variáveis que implicam o valor final do que chamamos de “pacote”, que, diga-se de passagem, vai além da sessão fotográfica em si.

Então… ufa!, deu pra sentir que não é pouca coisa e que não vale fazer a conta simples que alguns desavisados fazem: número xis de fotos dividido pelo valor total…

– Ah, puxa! – vão dizer – custa caro cada foto!

É errado esse jeito de pensar. Basta se lembrarem de tudo que leram acima. Não deixem seus clientes pensarem assim! Eduquem-nos. Isso cabe a nós, profissionais e formadores de opinião, criar um mercado justo, digno, coerente e valorizado. Tem que valer a pena!

Estamos fazendo com paixão, com carinho, com cuidado… mas vivemos disso. Então, precisa valer a pena. Se o cliente não pode pagar, paciência… talvez esse não seja o produto para ele. Não são todos, infelizmente, neste Brasil desigual, que vão poder ter um ensaio assim tão especial.

Outro alerta para quem está começando: não cometa o erro de fazer baratinho porque ainda não está totalmente seguroda qualidade do seu trabalho e/ou está formando portfolio. Conselho: faça de graça!

Isso mesmo: faça pelo menos uns cinco ensaios de graça – para amigos ou conhecidos ou para quem não pode pagar.

Atenção: esses bebês não são “cobaias”! Faça apenas o que se sentir seguro e preparado para fazer, mas o fato de não cobrar vai aliviar a pressão sobre você e você vai conseguir a calma necessária para a produção desse tipo de fotografia. Além disso, é importante que você perceba que esse mercado funciona muito no boca a boca. Se fizer barato para um, para dois, para três, vai ser difícil mudar seu preço se o seu cliente vier por indicação. Não se trata de ser “mercenário”, e sim de cobrar o real valor, OK?

Essa ideia serve também para que os fotógrafos se ajudem. Se um cobra muito barato, vai acabar atrapalhando o entendimento do cliente e isso prejudica quem cobra de forma correta. Claro, são só conselhos… o mercado é livre!

Vamos só incrementar um pouquinho mais a lista acima para poder ajudar vocês a terem uma ideia do que entregar para o cliente. E isso por favor entendam que é de uma forma generalizada. Cada fotógrafo – em cada região do país – trabalha de forma um pouco diferente.

Então, não é bom garantir que você vai entregar muitas fotos. Melhor prometer menos e, se você conseguiu mais fotos, entregue de presente ou cobrando extra (como achar melhor). Mas não prometa 80 fotos e acabe frustrando o cliente se não conseguir essa quantidade. Digo, entregue só fotos boas! Lindas! Não uma foto parecida com a outra para poder dar um número razoável. Foto “parecida” cansa, tira o peso da foto que está ótima. Assim, se tem três ou cinco fotos bem parecidas, escolha apenas uma!

Dessa forma, em média, um pacote de fotografia newborn contém de 20 a 30 fotos. Essas fotos podem ser entregues em alta resolução (com uma cópia dos mesmos arquivos em baixa), gravadas num DVD ou – como hoje alguns fotógrafos já o fazem – entregando numa pendrive, mais um fotolivro de 20 páginas.

Fiz uma pesquisa nos diversos mercados do Brasil e encontrei preços variando entre R$ 680 a R$ 2.500, mais ou menos. Claro que os valores mudam em função de como é o acabamento do fotolivro (que tipo de papel e impressão), quantas páginas o fotolivro vai ter, qual o tamanho das páginas, qual fornecedor o profissional usa, entre outras opções.

Então, dependendo do(s) produto(s) que é(são) entregue(s), os valores podem ultrapassar R$ 3 mil. Mas não deveriam nunca estar abaixo dos R$ 680, embora tenha encontrado algumas pessoas praticando preços de R$ 300 ou – pasmem – até menos!

Como disse, o mercado é livre. Não me cabe julgar. Cada um deve saber o que faz. A minha ideia aqui é apenas pincelar e esclarecer – pelo menos um pouquinho – como eu acredito que devemos nos posicionar e aos poucos formar um mercado coerente.

Procurei ter uma média de valores do Brasil. Mas é sempre bom saber que no geral os custos em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, são mais elevados, tudo custa mais caro nesses lugares (aluguel etc.), então é natural que os valores também o sejam.

Então é isso. Espero que tenha ajudado um pouquinho a ter um ponto de partida para a ideia de quanto cobrar pela fotografia newborn, lembrando que está longe da minha pretensão ser dona da verdade e também esperando um pouco para ver o que acontece, mas já procurando influenciar de forma positiva nesse mercado que está apenas começando. Vamos fazer dele um mercado próspero e duradouro aprendendo a dar-lhe o valor correto e justo?

 

 

CARLA DURANTE é fotógrafa de recém-nascidos, gestantes e famílias e uma das fundadoras da Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém-Nascidos (ABFRN).

 

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