2 mestres: obras de Aleijadinho por Horacio Coppola

Foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles
Profeta Jonas, santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas do Campo/ MG (foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles)

No final deste mês, Horacio Coppola faria incríveis 106 anos de idade. Ele, porém, morreu mês passado, aos 105. Nascido na Argentina, Horacio é um dos grandes nomes da fotografia latino-americana. “O último pioneiro da Era de Ouro da fotografia no Século 20”, conforme classificou o jornal britânico The Telegraph por ocasião de sua morte, dia 18 de junho. O tabloide ainda o comparou a ícones do calibre de Brassaï, Bill Brandt e Man Ray, embora estivesse longe de ser conhecido como o são seus famosos colegas.

Foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles
Pastor ajoelhado, figura do presépio em roca da igreja de São Francisco de Assis (atualmente no Museu da Inconfidência), Ouro Preto (foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles)

Por aqui, uma oportunidade de fazer justiça ao talento de Horacio Coppola é visitar a mostra que o Instituto Moreira Salles de São Paulo (IMS-SP) abre na próxima terça-feira, 17, às 19h30. Trata-se da exposição Luz, cedro e pedra – Esculturas de Aleijadinho fotografadas por Horacio Coppola. Com curadoria de Luciano Migliaccio, professor do Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto da FAU/USP, exibe 81 imagens feitas por Coppola em 1945, nas cidades mineiras de Congonhas do Campo, Sabará e Ouro Preto, locais onde floresceu a obra do artista mineiro Antonio Francisco Lisboa, o lendário Aleijadinho.

Horacio, cuja vocação artística manifestou-se já no final da década de 1920, quando presidiu o primeiro cineclube argentino, nutriu cedo uma admiração pela escultura pré-moderna e mesmo arcaica. Esse interesse o levou a visitar Minas Gerais e conhecer as obras de Aleijadinho, sobre quem ficou sabendo talvez por conta dos artigos dos poetas Jules Supervielle e Ramón Gómez de la Serna, respectivamente em 1931 e 1944, ou do livro do brasileiro Newton Freitas, El Aleijadinho, publicado tam­bém em 1944 na Argentina.

Para o argentino, ficou claro que Aleijadinho era um artista integral: arquiteto, escultor e “ornamentista sacro”. “Coppola compreendeu muito bem o caráter decorativo intrínseco à poética do escultor brasileiro”, observa Luciano Migliaccio.

Horacio Coppola voltou para Buenos Aires com um belo conjunto de imagens na bagagem. Em 1955, publicou algumas no livro Esculturas de Antonio Francisco Lisboa O Aleijadinho (Ediciones de La Llanura). Mais tarde, em 2007, o IMS apresentou a exposição Horacio Coppola — Visões de Buenos Aires e adquiriu 150 imagens do artista para seu acervo, 81 das quais compõem a presente exposição, que poderá ser visitada até 11 de novembro, com entrada grátis. O IMS-SP também produzirá um catálogo com 56 páginas, sem preço definido ainda. Endereço: Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis. Site: www.ims.com.br.

Foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles
Profeta Habacuc, santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas do Campo (foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles)
Foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles
Profetas, Congonhas do Campo (foto: Horacio Coppola/ Acervo Instituto Moreira Salles)

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