Fotos de shows: som, luzes e adrenalina num clique

Foto: Marcos Hermes
Elton John em São Paulo. Captar momentos como esse exigem habilidade (foto: Marcos Hermes)

Fotografar shows musicais é um ato que reúne duas paixões muito próximas: fotografia e música. Quem vai a um espetáculo ansiosamente aguardado volta para casa com a vontade de manter vívidas as emoções daquela noite de luzes, cores e som. De guardá-las num clique. Basta notar o mar de aparelhos celulares acesos na escuridão da plateia. Mas há outros interessados: jornais, revistas e sites especializados, cuja necessidade requer os préstimos de um profissional, alguém capaz de capturar a emoção, energia e todo o espetáculo visual em volta com apuro. Essa é a tarefa do fotógrafo de shows.

O carioca Marcos Hermes contabiliza duas décadas de shows. Já fotografou grandes nomes da música, como Paul McCartney, Ozzy Osbourne, Bob Dylan, Beyoncé, Amy Winehouse e ilustrou mais de 600 capas de CDs. Fã de rock e baterista desde os doze anos de idade, começou a fotografar aos quatorze, para um fanzine (revista caseira de fãs) dos amigos. Clicou seu primeiro show internacional em 1989 (Metallica, no Maracanãzinho) e a partir daí esteve presente nos mais importantes festivais de rock do país.

Como bom conhecedor do ofício, ele sabe que é preciso ser rápido no gatilho, pois nos shows internacionais nem sempre o tempo é parceiro do fotógrafo. Uma ocasião, por exemplo, lhe foi concedido apenas dois minutos para fotografar o astro Bob Dylan. Nessas horas, agilidade e precisão contam muito. Outra lição que Marcos tirou de seus anos de backstage é que uma câmera pode intimidar o artista. Assim, ele prefere equipamentos mais leves e discretos.

O gaúcho Matheus Hautrive começou a fotografar shows há três anos, beneficiado pelos ingressos VIP que consegue de um amigo dono de um site de festas. Fotógrafo social, ele o faz por hobby. Porém, os resultados obtidos o têm encorajado a pensar mais seriamente sobre o assunto. Assim, sempre que pode, está perto do palco. Um exercício que exige alguns cuidados com o material de trabalho: “Há grandes possibilidades de se danificar o equipamento em um show. Por um simples descuido a câmera pode cair da mão, alguém pode esbarrar em você, derramar algum líquido na câmera e existe o risco de roubo”, afirma.

Foto: Matheus Hautrive
Beto Bruno, da banda gaúcha Cachorro Grande. Matheus começou a registrar shows por hobby (foto: Matheus Hautrive)
Foto: Vivi Carvalho
Banda Viper, no Central Rock Bar (foto: Vivi Carvalho)
Foto: Marcos Hermes
Cássia Eller, por Marcos Hermes

Manter a câmera segura não é o maior desafio, especialmente quando o alvo das lentes não é muito dado a apresentações do tipo “banquinho e violão”. Que o diga a paulistana Vivi Carvalho, que registra principalmente a cena heavy metal e suas cabeleiras frenéticas. “Alguns artistas simplesmente não param de se movimentar no palco”, diz. “A velocidade tem que ser um pouco alta, o que já diminui a entrada de luz. Então, tenho que controlar pela abertura e pelo ISO e tomar muito cuidado para não ficar com muito ruído. Também é válido observar se devo corrigir a fotometria feita pela câmera através da compensação de exposição”, descreve as precauções a tomar.

Vale lembrar que, embora nem sempre haja luz suficiente ou facilmente controlável, o uso do flash está fora de questão: “Nunca use flash. Além de incomodar muito o artista, a foto não vai ter a aparência real. Se usar flash, você terá uma imagem clara, mas artificial e congelada”, alerta. A fotógrafa ainda destaca que é importante fazer um reconhecimento antecipado no local do show para se inteirar das condições que terá pela frente e poder escolher os equipamentos mais adequados, evitando assim levar bagagem em excesso.  “É importante também sempre ter cartões de memória diversos e duas baterias extras”, aconselha.

Mas a preparação não fica só na questão técnica. É importante estar credenciado e identificado pela produtora para não correr o risco de ser barrado na porta, lembra Matheus Hautrive. Também pode fazer muita diferença se armar previamente com uma pesquisa sobre o artista em questão. Conhecer seu estilo e características ajudará a compor um retrato mais representativo. Por fim, reúna boas referências. “É importante observar e se inspirar no dia a dia, nas revistas, livros, músicas”, ensina Marcos Hermes.

Foto: Vivi Carvalho
O ex-Journey Steve Augeri, no Carioca Club (foto: Vivi Carvalho)
Foto: Matheus Hautrive
Telas de LCD iluminam plateia em show do Nazareth (foto: Matheus Hautrive)
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