Fifi Tong: “Sou fascinada por gente”

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“Origem”, primeiro livro de Fifi Tong: fascínio pelas famílias e suas histórias

A fotografia de família ainda não havia reconquistado o interesse de que desfruta atualmente e Fiti Tong já fazia dessa especialidade uma arte. De ascendência chinesa, nascida em Passo Fundo (RS), no interior do Rio Grande do Sul, a fotógrafa passou quinze anos registrando famílias pelo Brasil que, em comum com ela, tinham suas raízes fincadas longe daqui. O trabalho virou livro em 2009: Origem – Retratos de família no Brasil. Atualmente, ela está com uma exposição em cartaz no Memorial da América Latina, em São Paulo – parte da programação da Jornada da Longevidade –, que também apresenta outro tema que a instiga: o passar do tempo.

“Eu sou fascinada por gente e é o que eu mais gosto de fotografar, retratando as diversas pessoas que cruzo no meu caminho. E também sou muito ligada à minha família, nas histórias, no passado. Encontrei na fotografia um meio de sempre estar em contato com essas diferentes histórias e ter a possibilidade de conhecer novas histórias”, diz a artista, 51 anos de idade, vivendo na capital paulista há 30 anos, onde atua nos mercados de publicidade e retratos.

Formada pelo Art Center College of Design, de Los Angeles, Fifi Tong fotografa há 28 anos. “Comecei a fotografar aos dezessete anos, como curso profissionalizante do último ano do colegial. Desde o início, fiquei fascinada com o laboratório e todo o processo que envolvia a fotografia. Nunca mais parei”, afirma.

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Seu livro nasceu de um retrato que fez dos familiares. Não era essa a ideia quando ela reuniu diante da câmera a mãe, a avó, a filha e ela mesma, quatro gerações num único fotograma, usando vestidos tradicionais guardados num antigo baú de laca chinesa. “Quando resolvi ir adiante com o projeto, fiz algumas pesquisas à procura de famílias com gerações. Viajei por alguns estados do Brasil e, em alguns momentos, deixei o projeto de lado. Quando completei 50 retratos, achei que era hora de finalmente realizá-lo”, explica.

O projeto já foi mostrado em onze exposições, três delas na Argentina. Em março deste ano, esteve no Espaço Furnas Cultural, no Rio de Janeiro. Entretempos: Memória, a exposição em cartaz no Memorial da América Latina até o próximo domingo (13), faz uma retrospectiva do trabalho da gaúcha e inclui, além de Origem, a série Tempo. Esta, na verdade, um desdobramento da primeira.

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“Desenvolvi esse projeto contemplando as pessoas mais velhas do meu livro Origem. São as que mais me emocionam. Então, comecei a retratar essas pessoas, que têm 100 anos ou mais. Também viajei bastante pelo Brasil à procura desses centenários. O que eu pretendo mostrar é justamente essa beleza que existe dentro desses retratados, suas histórias de vida, suas experiências e, sobretudo, como é possível chegar aos 100 e ainda ter uma vida saudável e principalmente digna”, ressalta.

Essa série deverá resultar no segundo livro da artista, projeto que está na delicada fase de captação de recursos. Na sua avaliação, tem sido um ano difícil, de crise, com verbas para publicidade mais minguadas e forte concorrência no setor. Por outro lado, a fotografia de família vive um momento melhor, com uma boa procura por retratos tanto em externa quanto em estúdio. Fifi Tong reconhece: “As famílias querem e gostam de estar juntas. O retrato em estúdio é um retorno ao que se fazia antigamente. As famílias iam ao estúdio para celebrar uma data, como um nascimento, por exemplo”.

Com o interesse renovado nessa antiga prática, e os profissionais da área sempre em busca de boas referências, ganha maior relevância o trabalho de artistas dedicados a esse segmento de um modo mais profundo, cujo olhar contempla não apenas a precisão de um retrato bem feito, mas o respeito pela tradição que faz da família uma instituição e um porto de chegada. Fifi Tong se enquadra, com louvor, nessa categoria.

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Fotos da série “Tempo”, que deverá ganhar versão em livro em breve

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