Fotos do pôr do sol: fuja do clichê

Foto: Celso Margraf
Paisagem com tonalidades rosa amareladas da luz do céu minutos após o sol ter se posto no horizonte (foto: Celso Margraf)

O amanhecer e o entardecer atraem a maioria dos fotógrafos. A beleza das luzes e cores quentes oferecidas pelo sol cria um céu com diferentes tonalidades de vermelho e laranja. As sombras são mais longas, ressaltando os relevos e os detalhes. Porém se engana quem pensa que é uma tarefa fácil fazer uma boa foto do pôr do sol.

Fotografar é a união de técnica, composição e olhar. Falhar em um desses quesitos é correr o risco de produzir uma imagem sem qualidade ou desprovida de interesse. E isso não é diferente na hora de clicar o pôr do sol. Muitos ficam maravilhados pelo cenário e se esquecem de compor ou de observar a técnica, caindo no clichê de registrar apenas um céu colorido.

O primeiro passo a seguir é esquecer o modo automático da câmera. Como esse ajuste corrige as variações de cor e luz para se aproximar do resultado obtido nas horas mais claras do dia, você não conseguirá capturar as variações de tons do céu. Prefira o botão de travamento da exposição ou o ajuste manual da máquina. Quando se tratar do modo manual, a fotometragem não pode ser feita na luz direta do sol. Ela é muito forte e vai enganar o fotômetro, resultando em uma foto subexposta. O ideal é utilizar o fotômetro na função Spot meter e incluir o sol na imagem só depois de ter feito a medição de luz.

Foto: Felipe Feijó
Felipe Feijó: “Uso o tempo de exposição um pouco mais alto, assim posso absorver o que as cores do pôr do sol tem a me proporcionar” (foto: Felipe Feijó)

Felipe Feijó, fotógrafo documental de Curitiba (PR), aconselha usar um tempo de exposição maior, o que exige o uso do tripé – isso vai garantir que a foto não fique tremida na hora do clique.

Mantenha o diafragma fechado, avisa Felipe. A pouca entrada de luz vai propiciar uma maior profundidade de campo e nitidez às várias camadas fotografadas da paisagem. O contraste da luz produzido pelo sol resulta e uma imagem de silhuetas pretas com fundo de céu colorido. Pode ser feito o uso do flash para iluminar o objeto em primeiro plano e preencher as sombras produzidas pelo sol.

Recomenda-se que o ISO não esteja elevado. O ruído transpõe a beleza. Lembre-se sempre que, quando o sol for incluído, é preciso tomar cuidado para não queimar as altas luzes.

Se você não possui um lugar para apoiar a câmera e precisa aumentar a velocidade, abra o diafragma ou aumente o ISO. Só não se esqueça de tomar cuidado com o ruído e também para não perder qualidade devido à baixa profundidade de campo.

Foto: Celso Margraf
Paisagem fotografada usando a luz amarelada vinda do pôr do sol. Essa luz deixa a imagem com cores quentes (foto: Celso Margraf)
Foto: Celso Margraf
Mesma paisagem, mas fotografada contra a luz do pôr do sol, formando uma silhueta. O sol estava acima do horizonte e não foi enquadrado na foto (foto: Celso Margraf)

Esteja preparado com antecedência. O “momento mágico” dura pouco mais de dois minutos. Ajuste a sua câmera previamente e capte a beleza que o céu proporciona.

Câmera configurada em mãos? Agora é hora de compor a sua foto. O fotógrafo Adailton Mello aconselha a buscar composições criativas, fora do lugar comum.

Em primeiro lugar, use a regra básica dos terços. Situe a linha do horizonte em uma das retas, para valorizá-la.

Descubra um tema para a sua foto e coloque-o em um dos quatro pontos de cruzamento das linhas. Assim, irá destacá-lo e deixar mais harmoniosa a sua foto. Quando não existir nada que sirva de tema, seja criativo. Aproveite as linhas e as formas, como prédios, montanhas, árvores, nuvens, raios de luz, até mesmo o próprio sol. Mas tome cuidado: se o sol for o seu assunto principal, não o deixe no centro da foto. Tente compor a imagem com ele em um dos pontos da regra dos terços. Ao posicionar os objetos na foto é possível ainda usar a regra da repetição: o que irá chamar a atenção do observador é a quebra da repetição por uma forma diferente (como vários prédios iguais e um mais alto) disposta em um ponto da regra dos terços.

Foto: Adailton Mello
Adailton Mello: “Busco composições criativas, fora do lugar comum” (foto: Adailton Mello)

Aproveite as silhuetas bem marcadas, proporcionadas pelo sol escondido atrás do objeto, mas tenha equilíbrio em zonas claras e escuras. O paranaense de Ponta Grossa Celso Margraf, fotógrafo de natureza, gosta de fotografar em contraluz, mas também aproveita a luz amarelada nos objetos ao fotografar a favor do sol.

Outra possibilidade é incluir uma moldura composicional. Ela irá conduzir o olhar do observador para o ponto de interesse da cena.

Lembre-se sempre: o pôr do sol é rápido. Se possível, componha a sua foto antes. Esteja preparado, mas tenha um olhar apurado. Seja sempre criativo e fuja do comum.

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