Newborns: associação propõe normas

Fazer ensaios fotográficos de bebês com poucos dias de vida tem se tornado cada vez mais comum no Brasil. Com o crescimento do setor, aumentou a oferta de mão de obra, mas sem que haja parâmetros para atestar a confiabilidade dos que se habilitam a lidar com tão frágeis modelos. Essa é a percepção de um grupo de fotógrafas de recém-nascidos que, preocupadas com a segurança dos pequenos, resolveu criar uma associação e estabelecer um código de conduta para a categoria.

A Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém-Nascidos (ABFRN), que será lançada na próxima semana, resultou de conversações ao longo de todo o ano passado. Sem fins lucrativos, a entidade quer principalmente conscientizar os fotógrafos da necessidade de estabelecer normas para a prática da fotografia newborn, como também é chamada essa modalidade em franco crescimento.

“Para se ter uma ideia, no último semestre, só em São Paulo, cerca de 500 pessoas – fotógrafos profissionais, aspirantes e amadores – procuraram cursos, palestras e workshops em busca de aperfeiçoamento e troca de informações. Percebemos também o aumento de participantes nos grupos de fotografia sobre o assunto nas redes sociais”, informa a paulistana Carla Durante, 47, uma das fundadoras da ABFRN, cujo núcleo também envolve as fotógrafas Cinara Piccolo, Daniela Margotto, Eilleen Parker, Julie Freitas, Laura Alzueta, Mariana Bontempo e Simone Silvério.

Carla Durante: segurança dos bebês deve vir em primeiro lugar (foto: Fernando Filoso)

Outro indicativo do potencial desse segmento está na movimentação em torno da recém-criada associação: “Para se ter uma ideia do que estou falando, nem lançamos ainda o site e as inscrições [que abrem dia 22/04], apenas os teasers na fanpage, e já temos quase os famosos ‘mil curtir’”, reforça Carla.

O objetivo da entidade é servir de referência para o segmento, instituindo um selo de qualidade no qual os clientes possam se basear no momento em que estiverem à procura de alguém para fazer as fotos de seus bebês. Do mesmo modo, quer garantir que o profissional escolhido esteja apto a desempenhar a tarefa.

“Os ensaios com bebês são uma forma de eternizar esse momento tão especial, quando um casal, com a chegada do seu bebê, se torna uma família. Mas os cuidados com os bebês devem sempre estar antes e acima de tudo isso”, salienta Carla. Segundo ela, a principal razão para a criação da ABFRN, que segue os moldes da norte-americana National Association of Professional Child Photographers (NAPCP), foi a constatação de que muita gente desconhece as sutilezas desse tipo de trabalho.

“Nem todos sabem – aliás, pouquíssimas pessoas (tantos os pais como, infelizmente, ainda alguns fotógrafos) – que muitas das imagens que se veem nesse estilo de fotografia são de fato a edição de duas ou mais fotos num programa como o Photoshop”. A fotógrafa se refere a imagens como a de bebês pendurados em trouxas de pano (estilo “cegonha”). “Bebês que apoiam a cabeça nas mãozinhas em pose ‘sapinho’ não estão assim sozinhos. Sempre há alguém segurando suas cabecinhas e mãozinhas – eles não teriam força nem coordenação muscular para isso. Essas fotos são feitas com a mão de quem segura aparecendo mesmo, e depois elas são editadas, retocadas no Photoshop ou outro software de edição, e retiradas”, explica.

Making-of: fotos de newborns geralmente são resultado de fusões de imagens. Segundo Carla, a maioria das pessoas não sabe disso

Outras questões envolvidas nesse tipo de fotografia dizem respeito à higiene e conforto dos modelos: condições de temperatura e umidade adequadas, objetos esterilizados, cenários imaculadamente limpos, cuidados que se justificam em função da idade dos bebês, que são fotografados com entre oito e 21 dias de vida. “Os recém-nascidos têm baixa imunidade, o corpinho ainda está em formação e é delicado, a pele é sensível, detalhes que os profissionais sérios, competentes e preocupados se atêm e não deixam jamais escapar”, frisa a fotógrafa, que está nesse mercado há um ano e meio. Formada em publicidade, ela atuou como diretora de arte da TV Globo em São Paulo durante vinte anos, até trocar essa atividade pela fotografia de família.

Segundo Carla, a ABFRN assume a tarefa de divulgar esse conhecimento e incentivar a autorregulamentação do mercado: “A ideia não é guardar segredo, é mostrar para os pais como é que é feito para que, quando eles contratem algum profissional, eles mesmos sejam os fiscais de como a foto deve ser feita”. Do ponto de vista dos fotógrafos, ela afirma que é preciso praticar muito (“primeiramente com bonecas sim, isso é muito sério”) antes de se lançar no mercado. “Sugerimos inclusive, para quem está começando, a fazer alguns trabalhos de graça, para formar portfolio e gerar experiência, para só depois entrar de fato no mercado. Mas isso não quer dizer fazer sem saber. Quer dizer fazer de forma mais leve, com os mesmos cuidados e atenção nos quesitos segurança, mas sem o comprometimento de fotos ma-ra-vi-lho-sas”.

A expectativa é que seus pares adotem o conjunto de normas proposto e que isso concorra para elevar o nível do mercado. “É para isso que lutamos e esperamos conseguir. Não é sonho nem utopia, dá trabalho e leva tempo. Mas, sim, podemos conseguir e queremos fazer isso logo enquanto essa área está no início e ainda dá tempo!”, conclui.

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13 Comentários

  1. Apoio total e irrestrito para a associação! Sempre tive muito receio do tipo de profissional que trabalha neste segmento, nada melhor do que regulamentar isso!
    Acabei de montar meu estudio junto com um amigo , e queremos alinhar com a associação para que possamos entregar serviço responsável e de qualidade.
    Boa iniciativa!
    Leandro Eiki Iwaki

  2. Fico muito feliz e aliviada de nossa profissão estar se cercando de responsabilidade, pois vemos muitas coisas que nos assustam por aí. Não vejo a hora de ter o selo.
    Parabéns queridas e sucesso para todas nós. 🙂

  3. Associações e Sindicatos, não so foram criados para extorquir, mas para manter afastados pessoas sem condições de pagar para fazer parte deles, mantendo assim um numero de empresas e pessoas a frente de outros. Espero que nãos seja o caso, e com isso fica muitas duvidas, porque só regulamentar um ramo da profissão, e porque não é feito de maneira transparente e correta que seria através de votação a clausulas dessa associação, ninguem consultou ou pelo menos comunicou tais clausulas a nós fotógrafos, regulamentação precisa sim, mas a gente vive em uma democracia, não é só simplesmente um grupo de pessoas criarem uma regra, e todos tem que seguir isso é chamado de totalitarismo, e ou ditadura. Meu comentário aqui, é para que pensem a respeito de levar isso a nivel de Brasil ou seja a nível de todos não de conhecidos, como provavelmente foi. É preciso sim uma regulamentação na nossa profissão, mas em toda ela, a desculpa é que um recém nascido frágil? um mal profissional afeta em qualquer area, é válido sim essa iniciativa, mas discordo da maneira em que foi ou esta sendo feita.

  4. É muito bom ver vc com quem fiz o primeiro workshop com a Daniela Margotto, também uma pessoa mais do que especial, vestir a camisa e colocar todo seu conhecimento e experiência de vida a frente de uma organização. Parabéns a todas pelo projeto que está nascendo e certamente fará parte das nossas vidas e nos acrescentará como profissionais!

  5. MUITO BOM ESSA ASSOCIAÇÃO, AJUDAR AS FAMÍLIAS A TEREM MAIS CONHECIMENTOS NO MUNDO DA FOTOGRAFIA E QUAIS OS PROFISSIONAIS QUE ESTÃO A FAZEREM O TRABALHO DE ACORDO COM O REGULAMENTO.NÃO SÓ APOIO, COMO GOSTARIA DE SABER COMO PARTICIPAR.

  6. Fotógrafo amador:

    Nos desculpe se não foi claro para você os motivos ÓBVIOS de se criar uma associação para fotografia de recém-nascidos.

    Nos desculpe se não exite outras associações em outros ramos da fotografia.

    Você por acaso fotografa recém-nascidos?

    Sinceramente você não sabe muita coisa sobre a associação, tão pouco sobre a fotografia de recém-nascidos. Se sabe está se fazendo de bobo.

    A Associação não está sendo criada para afastar os profissionais da área, muito pelo contrário, ela está sendo criada para que a informação chegue a todos os interessados.

    Pode chamar de ditadura o que eu chamo de REGRAS e elas não podem ser criadas por qualquer fotógrafo, deve e já foram criadas há muito tempo por FOTÓGRAFOS DE RECÉM-NASCIDOS, aliás as regras desse tipo de fotografia não tem nada de parecido com a fotografia em si e sim com os cuidados que todos devemos ter ao fazer um ensaio com um bebê tão novo.

    A “DITADURA” da segurança é fundamental para que a nossa profissão não acabe antes de começar a engatinhar.

    Se a desculpa é de que o recém-nascido é frágil então que seja essa desculpa pois se por acaso um bebê cair e se machucar durante um ensaio, todos nós fotógrafos de recém-nascidos seremos penalizados.

  7. Vejam os requisitos para poder fazer parte essa associação… R$ 400,00!
    Só quem ganha com isso são as fundadoras as 8 fotógrafas, daí vem falar que é sem fins lucrativos.
    Se 1000 pessoas se tornarem membros vezes R$ 400,00 = 400.000,00 dividido por 8 fotógrafas, cada uma fatura R$ 50.000,00!

    Fala sério, concordo como fotógrafo amador!

    É isso que vai determinar o fotógrafo de newborn fazer o trabalho com segurança???

    Claro que não!

    Independente de vc fazer ou não parte desta associação “sem fins lucrativos” vai da sua consciência vc fazer seu trabalho direito e sem colocar em risco a segurança dos pequeninos!

    Isso pra mim é se aproveitar da situação isso sim!

    ABRE O OLHO GENTE!

    1. Jenny,

      Você ficou com dúvidas e foi bastante agressiva nos comentários sem no entanto procurar conhecer direito a ABFRN, as propostas, nossas ações, etc.
      Nos julgou muito mal e com certeza de forma errada.
      O estatuto da ABFRN está no site e vc pode entrar lá e verificar tudo diretinho.
      Estamos abertas a tiras qualquer dúvida. Sua e de todos!
      Cuidado ao ser leviana nos comentários. E quando fizer isso da próxima vez identifique-se. coloque seu nome inteiro e contato para que assim possamos tirar suas dúvidas.

  8. Parabéns pelo trabalho de todas vocês e por esta iniciativa do selo de qualidade deste trabalho tão delicado e de grande reponsabilidade.

  9. Queria perguntar a voces a respeito da associaçao. Vamos pagar R$ 400,00 para sermos membros, Podermos colocar um selo que vai com certeza chamar a atençao da mae( isto me interessou muito) numa propaganda, ao ver que somos filiadas e isto dará mais respaldo ao nosso trabalho.
    Sei como a maioria que ja fez curso ( eu já fiz WS com a Simone Silverio) ou pesquisa muito na internet,( fiz e faço demais da conta) a necessidade de tudo limpo e de cuidados com o bebe que que é montagem a maioria das poses diferentes. ok, mas o que a associação vai oferecer a nos além deste conhecimento que teoricamente ja sabemos?
    Isto que estou pensando estes dias antes de me filiar.

  10. Acho isto ótimo e acho que deveriam divulgar muito isto para que outras pessoas não caiam no golpe que eu cai, de uma amadora e que não entregou o combinado, não cumpriu prazos, mentiu o tempo todo e se acha no direito de ser arrogante ao tratar com uma cliente que pagou a vista na primeira sessão de gestante e tb adiantado um up grade de pacote. Eis a minha reclamação, pois esta amadora não deve ter o direito de participar ou sujar a imagem de uma associação que procura trazer serriedade para este tipo de registro que é tão especial e importante para quem contrata.
    http://www.reclameaqui.com.br/8032401/rachel-clark-fotografias-especiais/nao-cumpre-prazos-e-nao-entrega-o-que-foi-contratado/?utm_source=facebook&utm_medium=cpc&utm_campaign=facebook_fazer_reclamacao

  11. Realmente considero a “idéia” válida. No entanto, a questão do “Sem fins lucrativos” não corresponde à realidade. Cobrar 400,00 pilas é no mínimo absurdo da parte de apenas 8 pessoas (um grupo fechadíssimo). A frase “sem fim lucrativo” tornou-se, ao meu ver, uma frase de efeito psicológico, tipo das usadas em propaganda e marketing.
    Qualquer profissional que trilhar os caminhos dos workshops, congressos etc.., ou seja, os mesmos caminhos trilhados pelos associados, terão os mesmos padrões de qualidade(dependendo da pessoa de per si até mais qualidade) dos membros da ABFRN.

    Quem entra nesse mercado deve por prioridade pautar-se pela segurança dos bebês, independente de associação ou não!
    Creio que diminuir o preço para a afiliação seria um pouco mais justo da parte das 8 fotógrafas envolvidas, que estão sim demarcando territórios usando sua boa reputação na área, senão que os que estão associados e os que pensam em se associar larguem de ser trouxas e gastem seus 400 contos para se especializar cada vez mais, quiçá com as mesmas 8 fotógrafas que também são concorrentes na associação e , diga-se de passagem , que são muito boas na área.