Diogo Alexandre, o amigo da criançada

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O que não falta em festa de criança é correria, docinhos e gente com câmeras, phones ou ipads na mão. Por que diabos então alguém contrataria um fotógrafo profissional? Talvez, no caso de Diogo Alexandre Soares Lopes, seja porque ele é o amigo da garotada. “São as crianças que pedem para me chamar para a festa”, garante.

Natural de Curitiba (PR), 30 anos de idade, Diogo Alexandre achou nesse público o seu filão. Noventa e cinco por cento do que faz são festinhas infantis. A concorrência, ele vê pelo retrovisor: “Existem bons fotógrafos aqui em Curitiba que trabalham com crianças”, concede, “mas poucos que trabalham apenas com crianças. Já começa aí meu diferencial”.

O paranaense começou a ganhar seu público nas escolas. Antes, fez de ensaios para adultos a fotografias de bares e pratos. O conhecimento ele adquiriu como auxiliar do pai, Alex Sander, um fotógrafo de formaturas. Aos dezesseis, já cobria a retaguarda do velho quando este precisava recarregar o filme ou trocar pilhas do equipamento: “Ele deixava a câmera pronta apenas para eu apertar o botão”, explica. Atualmente, faz ensaios com gestantes e crianças, batizados, fotos de família e os aniversários da molecada. E não falta trabalho.

“Nascem crianças todos os dias, de todas as classes sociais”, justifica Diogo. “Como a maioria das pessoas me conhece a partir de indicações, por oferecer um trabalho de qualidade, graças a Deus tenho uma demanda constante”.

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“Vamos dar um susto no tio?” Se o “Tio Diogo” não for contratado, as crianças chiam

Essa condição permite-lhe manter um escritório com três funcionárias. O estúdio está “encostado”, pois os ensaios atualmente são realizados na casa dos clientes ou em parques. Nas festas, dependendo do número de convidados e do requinte da decoração, ele sugere a contratação de mais um profissional. Do contrário, encara “as feras” sozinho mesmo.

Com a cancha de quem está acostumado com elas, Diogo desenvolveu algumas técnicas: “Eu primeiro me envolvo com a criança entrando na brincadeira dela ou criando uma para que ela se divirta. Uma regra simples, mas que funciona muito bem, é a de nunca usar a frase ‘venha tirar uma foto com….’. Eu uso uma frase do tipo: ‘Você viu quem chegou? Vamos dar um susto no tio?’, e a criança acaba tendo a iniciativa de ir. Claro que a partir de dois anos isso é possível. Nos ensaios, oriento os pais a não dizerem às crianças que estão indo fazer um ensaio de fotos no parque, apenas que vamos ao parque e lá eu me viro”, diz o fotógrafo, que parte do princípio de que a criança não fará nada que seja menos divertido que aquilo que ela já esteja fazendo. “Por exemplo, sair da cama elástica apenas para tirar foto com o avô. Eu penso que existem dois tipos de momentos: os que acontecem naturalmente e os que criamos para gerar uma reação, mas para os dois sempre temos que estar com o dedo no ‘gatilho’”.

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A chegada das câmeras que filmam fez Diogo cometer uma infidelidade: “Eu adoro a Nikon, tenho uma D700 com lentes 50mm 1.8 e 14-70 2.8, mas há dois anos me rendi à Canon Mark II, com as lentes 50mm 1.2, 16-35 2.8 e 24-70 2.8, em razão da filmagem em full Hd. Eu mesmo faço alguns clipes, que eu dei o nome de ‘free movies’, e essa câmera me possibilita fotografar um ensaio, por exemplo, enquanto eu filmo. Por isso trabalho com ela hoje” (clique aqui e aqui para ver exemplos dos “free movies”).

“Tio Diogo” arrisca uma resposta diferente para a pergunta que abriu esta matéria. Na verdade, ele analisa a questão sob dois pontos de vista, um otimista e outro pessimista. “O pessimista olha para esse cenário, desanima e desiste. O otimista percebe que, se o cliente possui câmera de fotos e de filmagens, é porque ele gosta de fotos e filmes. E melhor ainda: vai reconhecer ainda mais o trabalho. Eu me identifico com a segunda opção”.

E é justamente esse otimismo que ele procura “vender” aos colegas. Faz uns três meses, Diogo Alexandre entrou no circuito das palestras e oficinas. “Eu fiz uma palestra para o Fotoinnovation 2013 [realizado em Curitiba no mês passado] justamente para provar que é possível, sim. Mas claro que, como todo o mercado, não é fácil chegar lá. No meu início de carreira, há nove anos, eu cobrava R$ 180 e meus clientes ainda parcelavam no cheque. Hoje, a média é de R$ 2.500 e, em dois ou três, o orçamento passou de R$ 9 mil. Coisas que nem eu jamais imaginei. Recebi uma ligação de uma amiga um dia falando que o chefe dela não iria fechar comigo, pois estava cobrando a metade do que uma equipe de São Paulo estava, sendo que o orçamento deles era de R$ 16 mil”, ele abre o jogo. “Mas, claro, seu cliente precisa perceber e até mesmo sentir que você está oferecendo algo diferente do mercado. Acredito, sim, nesse mercado, mas os fotógrafos contadores de histórias com certeza terão uma vantagem imensa sobre os tiradores de fotos”, ensina o amigão da criançada.

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