Max de olho nas ondas (e no futuro)

Pegar onda ou clicar a onda? Na dúvida, as duas coisas. Max Interaminense, 40, pernambucano que mora na Bahia há quinze anos, mantém uma relação de longa data com as duas atividades. Com a fotografia, “desde o tempo das analógicas e filmes de ASA”; com o surf, desde moleque. Profundamente envolvido com esse e outros esportes de praia, Max vem ensaiando viver só de fotografia. Mas isso, para ele, tem sido mais difícil que se manter em cima de uma prancha.

“Acho que não sou muito bom em vender o meu trabalho e não tenho conseguido encontrar os caminhos para esse mercado”, lamenta. Da própria capacidade, ele não duvida, mas a falta de grana foi durante um tempo um problema. Por isso, a fotografia teve que ficar em segundo plano. Sua profissão mesmo é o surf.

Logo que chegou à Bahia, em 1997, Max se envolveu profissionalmente com o esporte. Em 2005, começou a atuar como jurado em campeonatos locais – e fotógrafo informal dos torneios. “Nesse tempo, um novo esporte começava a ganhar corpo, o kitesurf. Fui, em 2008, pela proximidade com esses esportes, convidado a coordenar uma escola e passei a dar aulas de surf e kitesurf pra uma galera que possuía um site especializado em kitesurf”, conta. “Como já tinha essa relação com fotografia, passei também a registrar momentos do esporte e a escrever matérias para o site e passei a ter a fotografia como algo mais profissional. Como já vinha fotografando bastante e escrevendo, passei a ser chamado por conhecidos pra fotografar sessões desses esportes, isso sem deixar de trabalhar dando aulas…”

Max acredita que o mercado de surf está “meio apertado”

Atualmente, o pernambucano mantém uma escola de kitesurf e stand up, outro esporte de prancha que está se tornando popular – e o qual também fotografa. Em paralelo, faz alguns trabalhos para uma marca baiana de surfwear, fotografando as coleções e os atletas patrocinados por ela. E sempre que há campeonatos de surf ou stand up na área, não deixa de comparecer, mesmo quando não está envolvido oficialmente no evento.

Então – você deve estar se perguntando – qual a dificuldade? Para começar, o objetivo do surfista-fotógrafo é viver integralmente de fotografia. No seu ramo, isso não parece ser tão fácil. “Acho que o mercado do surf, especificamente, já tá meio ‘apertado’. São poucas revistas de surf no Brasil, e as que existem já possuem equipes de fotógrafos há muito tempo. Os sites geralmente não se preocupam com isso porque recebem muitas matérias de atletas, marcas, essas coisas, e isso termina não dando espaço para o fotógrafo contratado. E outra coisa: no Brasil rolam poucos eventos significativos desses esportes. Eu tenho que na verdade buscar as marcas que de alguma forma investem no esporte e tentar vender o serviço, indo para o evento, fotografando os seus atletas e trazendo o resultado”, ilustra Max a situação.

“Uma outra forma é fotografar dias com boas condições e tentar vender as fotos, mas isso só dá dinheiro se for em lugares de ondas muito boas (Indonésia, Hawaii…). No caso do Brasil é muito pouco significativo, financeiramente falando. Mas, na verdade, gosto de esportes em geral e tenho tentado buscar um pouco isso. Skate, futebol, basquete… Esportes como um todo”, complementa.

Assim como vontade, não lhe falta “tempo de praia”. Autodidata, o surfista já gastou muito rolo em seu aprendizado: “Com as digitais é muito mais fácil compreender as aberturas, velocidades etc., praticando. Até hoje faço muito isso. Abro, fecho, aumento velocidade, enfim, continuo metendo o dedo e buscando um melhor entendimento do meu equipamento dentro das diversas condições, e principalmente em esportes de praia, que em poucos minutos a luz pode mudar completamente, sem contar que você sempre fotografa com luzes diferentes, de manhã, final de tarde, meio-dia.

Com sua 60D da Canon e a 400 milímetros f/5.6 de guerra (usa também uma 70-200 f/2.8L), Max elege como maior atributo do fotógrafo das ondas a concentração. Mas, para ele, essa atividade exige principalmente entendimento do esporte: “Saber fazer uma boa leitura dos movimentos. Fotografar esportes requer bastante concentração no foco, isso é fundamental pra conseguir bons momentos… E depois, claro, saber configurar muito bem o seu equipamento – afinal o objetivo está sempre em movimento”.

Como nem sempre o mar oferece ondas, Max busca alternativas. Andou fazendo umas fotos de moda para uma estilista local, o que foi uma experiência bacana. E está começando um projeto mais autoral, previamente batizado de Luz & sombras, que será uma série de retratos que terá por característica o uso de luzes diversas, naturais ou artificiais. Fora isso, planeja para este ano investir em uma caixa estanque para chegar mais perto da ação – e quem sabe do objetivo de só viver disso.

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