Social: Adrian Stehlik, diversão e arte

Quando contou aos colegas que estava deixando a editora Perfil – que edita a Caras argentina – para se dedicar à fotografia de casamento, Adrian Stehlik ouviu deles a seguinte pergunta: “As pessoas ainda se casam?”. Não foi essa, entretanto, a primeira mudança de rumo do fotojornalista nascido em Buenos Aires, 41 anos de idade e um dos nomes promissores da fotografia social no vizinho do sudoeste.  

Adrian Stehlik: casais modernos são o seu foco

Adrian começou a carreira como designer gráfico. Desenhava capas de livros e CDs. Mas as fotos que recebia como referência eram péssimas. Ele então começou a estudar fotografia com o objetivo de acrescentá-la ao seu pacote de serviços. Esta, porém, logo “engoliu” o desenho e o argentino se viu buscando especialização em fotojornalismo e ensaios. “De alguma maneira, meu sonho havia mudado”, recorda Adrian, que passou a querer ser fotojornalista.

O portenho partiu em busca de emprego na área, porém, início dos anos 2000, as coisas não andavam bem no país vizinho, sobravam postulantes nas redações e agências. O jeito foi tentar a sorte no mercado social, fazer retratos nas escolas e um ou outro “bico” como freelancer. Em paralelo, executava algumas imagens especialmente para o portfolio. Até que, em 2005, passou a integrar a equipe da Perfil, uma das mais importantes editoras do país, com uma dezena de títulos em circulação.

“Aprendi muitíssimo durante os seis anos em que estive lá”, reconhece. Em seu tempo livre, continuava fazendo casamentos como meio de obter uma renda extra. E apesar de aplicar um pouco do que aprendia na rotina de fotojornalista, suas fotos careciam de um algo mais, pois Adrian não se via na pele de um fotógrafo social. Até que veio a São Paulo, em 2011, participar de um congresso de fotografia de casamentos: “Isso mudou completamente a minha cabeça, minha maneira de pensar, minha forma de fazer casamentos e foi tão forte que me fez desistir da editora para me dedicar somente à fotografia de bodas”, diz.

Em resposta ao que lhe perguntaram, Adrian pode dizer que há um belo mercado à vista para quem está, como ele, disposto a se preparar, estudar muito, experimentar e – por que não? – se divertir fotografando casamentos. “Não é uma tarefa fácil, tampouco é difícil, só tenho que conhecer muito bem minha câmera e saber que coisas posso fazer com ela”, resume. Segundo observa, a tendência do mercado aponta para a inovação. Os noivos, em especial os mais jovens, andam à procura de novidades, o que calha muito bem com seu estilo mais solto, atento a detalhes e com um certo toque de humor – embora ele considere esse último aspecto completamente acidental.

“Meu trabalho é 50% arte e 50% documental”, calcula. “Estou convencido de que nem todos os casais são para mim, muitos seguem querendo uma foto clássica e para eles há os fotógrafos que pensam que não se pode fazer uma fotografia distinta na Argentina. Eu busco os que sabem o que querem e que me deixam fazer o que eu quero”.

Adrian acredita que muito dessa nova forma de enxergar a fotografia de bodas tenha a ver com o atual compartilhamento de experiências promovido pelas redes sociais. “São uma grande ajuda, principalmente o Facebook, e é importante atualizar status, subir fotos, criar polêmica com perguntas. Isso gera um tráfego e de alguma maneira seu trabalho se faz conhecer”, argumenta. Sem falar que coloca o profissional em contato com o trabalho de colegas de outras instâncias. Foi desse modo que o portenho conheceu alguns fotógrafos, por exemplo, do Brasil, que inspiram seu trabalho. Se bem que, para ele, é importante buscar referências em outras áreas para consolidar o estilo.

Falando em estilo, Adrian Stehlik assenta o seu sobre o tripé composição, luz e momento. “Minha formação sempre foi o fotojornalismo e isso faz com que eu não tenha medo de chegar perto. Isso fez com que eu aprendesse a estar atento não somente ao que está diante dos olhos, mas no que se passa ao redor”, afirma. Acima da técnica, porém, o fotógrafo posiciona valores mais subjetivos, que dizem mais respeito à forma como se entrega à sua missão de fotógrafo de emoções: “Muitas vezes, não é suficiente ser um bom fotógrafo. Você pode ter muita técnica, pode saber iluminar como ninguém, pode ter o melhor equipamento, mas se não disparar a câmera com o coração, não vai conseguir o que espera”. E cita uma frase de Mary Lou Cook que traduz sua filosofia: “Para abrir novos caminhos, é preciso inventar, experimentar, crescer, correr riscos, quebrar regras, se equivocar… e se divertir”. O último quesito, para ele, é fundamental.

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