Making-of: noivos no divã

Davi Martins se orgulha de ouvir dos clientes que foi um “amigão” deles naqueles momentos tensos que antecederam o esperado “sim” na igreja. O fotógrafo de Guarulhos (SP), 25 anos de idade, há onze cobre casamentos e sabe que o making-of é a etapa crucial do trabalho. Trata-se do primeiro contato para valer com os noivos e outros personagens importantes da cerimônia que virá a seguir. É a hora de fazer a aproximação, de colher informações importantes e – por que não? – servir de psicólogo para acalmar os nervos.

Davi Martins: fotógrafo tem que ser amigo do casal (foto: Willians Martins)

Os preparativos finais antes da caminhada até o altar coroam um período de preparação que pode ser bastante estressante. A noiva pode estar bem insegura enquanto lhe esticam o cabelo ou aplicam maquiagem, ao passo que o noivo pode estar suando frio dentro do seu terno bem cortado. O fotógrafo, que já viveu a cena diversas vezes, ganha muito ao atuar como uma presença tranquilizadora. Davi sabe disso.

O paulista não dispensa fazer o making-of, mesmo que os noivos não queiram. Como da vez em que os clientes não quiseram incluir isso no pacote, mas Davi fez mesmo assim. As fotos acabaram no álbum e até em quadros pela casa dos recém-casados, que o agradecem até hoje a presença de espírito, conforme relatou. “Muitos casais têm a ideia na cabeça de que o making-of vai ser dirigido pelo fotógrafo, que vamos atrasar o processo da maquiagem/cabelo, e não é bem assim”, explica.

E esse é um trabalho que exige duas pessoas, pelo menos. Uma para acompanhar a noiva, outra para o noivo – se este não for completamente avesso à ideia. Mais uma vez, Davi receita certa persistência: “Muitos homens, no dia do making-of, não ficam em casa e vão para o hotel que vão passar a primeira noite juntos, para decorar o quarto, deixar uma surpresa! Vale a pena acompanhar, todos gostam e a noiva fica surpresa quando vê as fotos!”, afirma, lembrando porém que é preciso objetividade quando se trata de fotografar o noivo.

Making-ofs começam umas três horas antes da cerimônia e há muito a ser feito, tanto por parte dos noivos e familiares, quanto pelo fotógrafo. E há entraves a driblar, como a rotina do salão de beleza, que pode não ver com bons olhos um fotógrafo circulando em meio aos preparativos. “Muitos lugares só permitem que o fotógrafo apareça no momento da maquiagem”, ele revela. “Mas o making-of não é só isso. Temos que fotografar vestido, sapato, amigas, conhecer as pessoas que estão com ela etc.”, argumenta.

Assim, o profissional das lentes encontra duas missões: tranquilizar o casal e fazer o seu trabalho – o mais discretamente possível. E isso requer conversar bastante, e sem a câmera o tempo todo diante do rosto para atrapalhar. O jeito, portanto, é fazer alguns cliques no velho estilo Rolleiflex. Falando em câmera, Davi usa aquela que praticamente virou unanimidade entre o pessoal do social: a Canon 5D – no seu caso, Mark II. Com lentes fixas: “Sempre utilizei objetivas com zoom (24-70mm 2.8), mas de alguns meses para cá só tenho utilizado a 50mm 1.4. O conceito muda e o olhar também”, acredita.

Com ela, e a providencial ajuda de luzes de LED e iluminação natural, o fotógrafo dá conta do serviço: pegar os detalhes da arrumação da noiva e seus acessórios, sapatos, joias, brincos e o vestido (“de preferência em lugares inusitados, que a noiva nunca imaginou”). E não dá para esquecer os familiares e amigos que estiverem por perto.

Mas o essencial de tudo, Davi Martins volta a frisar, é: “Temos que ser amigos, pois é o momento de maior tensão do casamento, e é o momento em que temos que criar vínculos, amigos”. Ah, e aproveite para levar no bolso o batom e um lencinho para a noiva usar. Ela vai precisar…

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