Ensaio sobre travestis, mas sem clichês

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O cotidiano dos travestis que vivem num casarão no bairro da Lapa, no centro do Rio de Janeiro, é o tema do ensaio Mem de Sá, 100, da carioca Ana Carolina Fernandes, fotojornalista com passagens pelo Jornal do Brasil, Agência Estado e Folha de S. Paulo.

Com curadoria de Eder Chiodetto, a mostra, em cartaz até 30 de outubro na galeria DOC, em São Paulo, é resultado de dois anos de trabalho. Ana se interessou pelo tema em 2003, quando conheceu Luana Muniz, a “Rainha da Lapa”. Ela é proprietária do casarão que dá nome à série e é um reduto dos travestis do bairro.

“Cheguei ao casarão sem nenhum julgamento ou moralismo. Muito pelo contrário, tinha simpatia pelos travestis”, diz a jornalista. “Só comecei a fotografar depois que elas começaram a ter total confiança em mim, o que ocorreu muito rápido e logo depois veio a cumplicidade. Sempre foi um trabalho feito com muita verdade”, acrescenta Ana, que afirma ter sido movida pelo desejo de dar voz a essas pessoas, assim como “dar corpo e mostrar a beleza delas”.

Para Eder Chiodetto, Ana conseguiu elaborar um trabalho original, sem derrapar no clichê, como correm o risco todos os artistas que resolvem abordar assuntos como esse. Segundo ele, o segredo disso foi o convívio. “Além, é claro, de uma grande sensibilidade aliada à capacidade de ver, ouvir, sentir, sem nunca acreditar que a nossa forma de vida é o padrão pelo qual devemos criar parâmetros para julgar os outros”, considera o curador.

A DOC Galeria está na Rua Aspicuelta, 662, na Vila Madalena.

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