Claudia Jaguaribe traça “nova topografia” do Rio

Claudia Jaguaribe lança nesta quinta (13), às 14 horas, na Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, Entre Morros. O livro sai pela Cosac Naify (96 págs., R$ 75) e é resultado de um trabalho iniciado há dois anos pela artista visual carioca sobre a paisagem do Rio.

O que motivou a fotógrafa a pensar o tema foi uma visão do morro Dona Marta, num sobrevoo pela cidade, que demonstrou como as tentativas de conter a expansão a favela em direção à mata, por meio de um muro, não surtiram efeito.

A partir disso, Claudia passou a registrar as mudanças na paisagem natural da cidade. Segundo a autora, um Rio de Janeiro que acontece entre os morros, cuja paisagem ganha uma cobertura diferente daquela evidenciada em velhos cartões postais.

Elaborada a partir de viagens de mototáxi e helicóptero pela paisagem carioca, as dezenove imagens da série Entre Morros situam a produção de Claudia na tradição da fotografia paisagística clássica, da qual fazem parte Marc Ferrez, Georges Leuzinger e Augusto Malta, opina o curador e pesquisador Sérgio Burgi, em texto do livro – Maurício Lissovsky e Antonio Gonçalves Filho também contribuem com depoimentos.

“Claudia Jaguaribe faz referência a uma forte tradição pictórica na fotografia de paisagem do Rio de Janeiro ao mesmo tempo em que explora e expande os limites desta linguagem, seja por sua utilização do formato panorâmico em diversas situações inusitadas, como por exemplo com um enquadramento vertical, seja por seu emprego aparentemente jornalístico deste formato, incorporando o elemento humano em primeiros planos desconcertantes”, analisa Sérgio, que destaca os aspectos que, por outro lado, afastam o trabalho de Claudia dessa mesma tradição: “Os panoramas horizontais realizados a partir de planos elevados em voos pela orla carioca, que incorporam pontos de vista inalcançáveis no século 19, somados ao tratamento digital que introduz a colagem e a montagem de duas ou mais imagens como recurso construtivo de sua obra, permitem que Claudia Jaguaribe realize uma leitura singular do cenário urbano do Rio de Janeiro, contemporânea e inovadora, porém sempre em constante diálogo com o registro histórico da cidade”.