Andrea Gjestvang, fotógrafa do ano

Situações dramáticas resultam em fotografias poderosas. O que causa incômodo, choque, foge ao comum e nos faz pensar sobre como algo que, em primeira instância não deveria acontecer, tenha de fato acontecido, guarda em si a potência das grandes imagens. Mas é preciso que o fotógrafo tenha a sensibilidade necessária para chegar ao ponto nevrálgico da questão – seja por meio da crueza, seja por meio da doçura.

O segundo aspecto parece o caminho escolhido pela fotógrafa norueguesa Andrea Gjestvang, em sua série One day in History (“Um dia na História”), que retrata alguns jovens sobreviventes do massacre em Utoeya, na Noruega, em julho de 2011. O ensaio deu a Andrea o prêmio máximo da edição deste ano do Sony World Photography Awards, o título de Fotógrafa do Ano (L’Iris d’Or), há duas semanas.

No dia em questão, jovens noruegueses do partido trabalhista daquele país acampavam na ilha de Utoeya quando o extremista Anders Breivik desembarcou, após detonar uma bomba em Oslo que matou oito pessoas e feriu outras 200. Lá, ele matou mais 69 pessoas e feriu mais de cem, no que ficou configurado o pior crime cometido no país desde a Segunda Guerra Mundial.

One day in History é sobretudo uma poderosa voz para as crianças e sobreviventes do massacre na Noruega. Ficamos todos movidos pela dignidade e beleza dessas imagens”, disse no anúncio do prêmio a presidente do júri do Sony Awards, a diretora de projetos especiais da Agência Magnum Catherine Chermayeff.

“Na Noruega, 22 de julho de 2011 está gravado na memória coletiva e privada para sempre”, escreveu em seu site Andrea, que tem 32 anos de idade e é fotógrafa da agência Moment. O ensaio foi publicado em livro no ano passado e retrata vários dos sobreviventes do tiroteio, jovens com idades entre quatorze e 25 anos que convivem com a difícil determinação de seguir adiante após testemunhar e sofrer um ato brutal e gratuito de violência, muitos dos quais vítimas de ferimentos que deixaram marcas profundas e impossíveis de reparar (membros amputados, cicatrizes). “Eu uso uma máscara na escola e entre os amigos. Eu sorrio e estou feliz. Eu rio e faço piadas. Algumas vezes, isso vem do coração. Mas geralmente, é forçado”, testemunha Cathrine Larsen, de dezessete anos, uma das personagens dessa triste história.

A conquista do Sony Awards conferiu a Andrea Gjestvang um prêmio de 25 mil dólares. Sua série está em exposição na galeria Somerset, em Londres, até doze de maio, juntamente com as de outros vencedores e nominados pela edição 2013 do concurso. Entre os quais, o trabalho do paranaense Hudson Garcia, terceiro colocado na seção Natureza e vida selvagem da categoria profissional.

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