Newsha Tavakolian, ganhadora deste ano do concurso de fotojornalismo Carmignac Gestion, devolveu a premiação de 50 mil euros a que teve direito. A razão? Ela alegou que sua “liberdade artística” foi comprometida.
Pouco mais de dois meses depois de ter sido nomeada ganhadora desta edição do prêmio, a fotógrafa iraniana fez uma declaração pública afirmando que estava devolvendo o dinheiro do prêmio e declinando do título de vencedora devido a “diferenças irreconciliáveis” relativas à apresentação do seu trabalho.
Ela foi premiada pelo seu documentário sobre a juventude no seu país de origem, ilustrando a contradição de uma sociedade cada vez mais moderna, mas vinculada a rígidas tradições religiosas e culturais. Ela publicou em sua página do Facebook, dia 11 de setembro, que “eu estou cancelando toda a minha colaboração com esta fundação e seu patrono, o banqueiro francês Edouard Carmignac. Minha aceitação dos termos da Fundação Carmignac Gestion foi baseada no entendimento de que eu teria total liberdade artística como fotógrafa para criar uma obra que fosse fiel à minha visão como uma fotojornalista estabelecida e fotógrafa artística. Infelizmente, porém, a partir do momento que eu entreguei o trabalho, o senhor Carmignac insistiu em editar pessoalmente as minhas fotos, bem como alterar os textos que acompanham as fotografias”.
De acordo com a artista, outro ponto de discórdia foi o título do projeto: “A interferência do senhor Carmignac no projeto culminou com a escolha de um título totalmente inaceitável para o meu trabalho, o que afetaria o meu projeto irremediavelmente. Sua insistência em mudar o nome do projeto, de Páginas em branco de um álbum de foto iraniano, para o título-clichê e carregado A Geração Perdida, simplesmente não era aceitável para mim”.
O comunicado termina com a declaração: “Agora me resta pouca escolha a não ser me retirar deste prêmio por causa da insistência da Fundação Carmignac Gestion de comprometer minha integridade artística e independência. Tenho a honra de voltar e oficialmente me demitir como a laureada do Prêmio de Fotojornalismo Carmignac Gestion 2014. Minha liberdade artística e minha integridade não podem ser compradas”.
A Fundação, que vem promovendo o prêmio desde 2009, ainda não se pronunciou.
Fonte: Bjp Online.