Fotógrafa gaúcha larga o comercial pela arte

Embora possa ser considerada uma profissão da moda, viver de fotografia não é fácil. Por isso, boa parte do pessoal que se lança nesse segmento prefere apostar suas fichas nos gêneros mais “garantidos”, como fotografia de casamento ou de família (lifestyle). Difícil pensar que alguém vá ser arriscar em algo mais “abstrato”, como a fotografia artística.

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Até porque isso contraria a noção comercial da coisa. Viver de arte não enche muito o bolso, não é verdade? Esse é um raciocínio que não ajuda muito a causa de Daniela Bittencourt, de 27 anos, fotógrafa, mestre em educação especializada em poéticas visuais que está justamente em campanha para mostrar que a arte é, sim, viável.

Em seu favor, ela conta com a própria experiência. Danny, como prefere ser chamada, está completando oito anos de carreira. Na maior parte desse tempo, atuou na área de ensaios e espetáculo e chegou a fotografar eventos. Há apenas dois anos ela usa sua fotografia como forma de expressão, sem pretensões comerciais.

“A fotografia comercial é muito importante sim, só acho que dentro da fotografia existem infinitas possibilidades de áreas e temos que escolher aquela que nos faz feliz”, defende Danny, que encontrou em seu atual segmento um vácuo enorme. “Por isso eu proponho com o meu trabalho também um resgate e um estímulo para que outros fotógrafos se identifiquem e consigam atuar desenvolvendo trabalhos na fotografia artística”.

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Danny Bittencourt: várias maneiras de
ser feliz na fotografia (foto: autorretrato)

Natural de Porto Alegre (RS), Danny Bittencourt leciona em três universidades do Rio Grande do Sul e este ano abriu a Escola de Fotografia Artística para ampliar seu discurso. Também está escrevendo um livro, que sairá pela iPhoto Editora e irá desencadear uma sequência de palestras pelo Brasil – cidades do interior incluídas – e um canal on-line de palestras. “Esse livro pra mim é muito especial, pois me permite dar continuidade no meu trabalho em promover a fotografia artística. Existe muito material sobre isso fora do Brasil, escrever um livro em português expande o acesso ao conteúdo e estimula que fotógrafos se encontrem nessa área, resgatando assim a fotografia como expressão”, avalia.

Para Danny, falta interesse pela área porque os novos fotógrafos miram um retorno financeiro a curto prazo, o que não é uma prerrogativa da fotografia artística. Mas isso não significa que não haja meios de retorno: “Existem algumas opções econômicas como venda das obras, concursos e principalmente os editais das empresas que preveem, além do valor dos gastos, ainda um bom cachê para o artista”, informa a gaúcha.

Do ponto de vista da própria produção, atualmente Danny trabalha no projeto Mithos, através do qual articula personagens mitológicos com inquietações e sentimentos contemporâneos. “Estou executando os ensaios e pretendo expor ainda no final do ano. Fora esse projeto maior, eu ainda faço ensaios mais isolados, mas de igual importância, como o projeto Fôlego, fotografado todo embaixo d’água com instrumentos clássicos e colorizado posteriormente”. Este tipo de trabalho, envolvendo água e intervenções na imagem, é o seu preferido, pois lhe dá a possibilidade de criar novos mundos. Mais do que resultado no caixa, ela mede seu trabalho numa escala de satisfação pessoal e resposta do público: “Pra mim, se uma imagem minha causar algum tipo de mudança ou questionamento no espectador, já é uma imagem de grande sucesso”.

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