No cenário atual da fotografia no Brasil, estamos vivendo uma grande transformação no que diz respeito a arte como todo. E no meio de toda esta transformação, artistas femininas estão trazendo de volta toda áurea romântica que parecia ter se perdido na corrida em meio ao caos do avanço tecnológico e pelo consumo desenfreado no que diz respeito apenas ao retorno de capital.
O trabalho destas mulheres poderiam ter como base de referência o movimento Pré-Rafaelita na pintura (que surgiu na Inglaterra em 1848, com Dante Gabriel Rossetti, William Holman Hunt e John Everett Millais, como reação à arte acadêmica inglesa, que seguia os moldes dos artistas clássicos do Renascimento).
Fizemos uma entrevista com a artista Gabriela Massi e ela contou um pouco sobre o seu trabalho.
Poderia falar um pouco mais sobre sua origem e quando começou a fotografar?
– Tenho 24 anos. Nasci em Panorama, mas moro em São Paulo desde os três anos. A fotografia sempre esteve presente na minha vida. Desde pequena pegava escondido a câmera da minha mãe para fotografar meus irmãos e primos, e ela ficava louca porque eu sempre acabava com os filmes, e naquela época revelar fotos não era algo tão barato. Mas no final dava tudo certo, e as fotos ficavam um tanto quanto engraçadas.
Como você classificaria a sua fotografia?
– Minha fotografia é muito simples. Eu gosto de uma expressão facial calma e serena, um olhar natural, roupas com um toque vintage, sem muita distração. Eu sempre procuro por uma emoção ou expressão que me interesse como espectador. Acho que o meu estilo de fotografia é um pouco melancólico, eu gosto disso.
Porque fotografar crianças?
– Eu sempre gostei de fotografar crianças, tudo nelas me encanta, desde o olhar inocente, até suas manias e vontades. Fotografar crianças é poder voltar à infância e esquecer que existe um mundo lá fora. Um dia eu estava reclamando do sol forte, e a modelo (3 anos) me olhou e disse: “Tia, Sol é saúde”. É engraçado, eles sempre me ensinam coisas novas.
Quais as maiores dificuldades no cenário para artistas femininas?
– Acredito que a maior dificuldade para as artistas femininas é ter que lidar com o machismo que ainda é muito presente nessa área.
Fale um pouco mais para nós quais equipamentos fazem parte do teu trabalho.
– Trabalho com uma Canon 6D. Lentes: Sigma Art 35mm f/1.4, Canon 85mm f/1.8, Canon 135mm f/2.0.
Quais artistas te inspiram?
– Eu tenho uma grande lista com as minhas maiores inspirações, mas algumas delas são Marie Spartali Stillman e Margaret Keane grande parte das minhas fotografias são inspiradas em suas artes. Também admiro e me inspiro muito no trabalho das fotógrafas Elena Shumilova e Júlia Zarkh.
Conte um pouco mais sobre seu processo de composição e edição.
– Para mim, os fatores principais para uma composição perfeita são: Círculo cromático, produção, ângulos, poses simples e luz. Eu gosto de chegar antes da modelo, para procurar os melhores lugares, posiciono a minha irmã e juntas vemos os melhores ângulos, onde a luz está mais bonita, etc. Assim, quando a modelo chega, nós já sabemos quais os melhores lugares para fazer as fotos. O meu processo de edição é muito simples. Ajusto as cores no Camera Raw, gosto de tons mais terrosos, às vezes quando precisa disfarço olheiras, e tiro marchinhas de pele. Aprendi com o tempo que menos é mais.
Percebemos que os teus retratos trazem uma áurea de romantismo e nostalgia porque decidiu trazer este contexto de volta em um mundo onde as pessoas estão buscando outros segmentos?
– Eu quero mostrar que há uma mágica na vida comum e as melhores coisas são as mais simples. No Brasil esse estilo de fotografia não é muito comum. As pessoas estão acostumadas com fotos mais “alegres”, coloridas, poses prontas e muitas informações. Então, para ter resultados diferentes é preciso fazer algo diferente, e eu fui atrás disso. É como ver aquela imagem e voltar numa época/momento que você nunca viveu ou conheceu. Ainda estou muito longe de onde quero chegar, mas acredito que, se continuar trabalhando duro, chegarei lá.
Como você enxerga o cenário atual, a arte como um todo?
– É legal ver como as pessoas estão se interessando mais pelas artes (seja lá qual for). Aqui no Brasil é bem diversificada, mas falta um pouco de incentivo, união e valorização. Tem muito artista bom que merece reconhecimento. Hoje as pessoas buscam seguidores e não qualidade no trabalho.
Dica de Ouro :
– Seja autêntico e ouça sua intuição. Não fotografe somente para clientes, crie seus projetos pessoais, mostre ao mundo o que está dentro de sua alma.
Para conhecer mais sobre o trabalho da artista, acesse seu Instagram ou Facebook.