Flieg, fotógrafo da indústria, ganha retrospectiva

Olhar apurado a serviço da indústria, Hans Gunter Flieg tem sua obra revisada este ano, por meio de um livro e da retrospectiva que o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em São Paulo, abre dia 20 de setembro. Flieg fotógrafo: Indústria, design, publicidade, arquitetura e arte na obra de Hans Gunter Flieg reúne 220 imagens pertencentes ao acervo do Instituto Moreira Salles (IMS) e fica em exibição até 20 de fevereiro de 2015. A entrada é gratuita.

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Calculadora Logos 270, Olivetti, Guarulhos (SP), 1974

Nascido em Chemnitz, na Alemanha, Hans emigrou para São Paulo com seus pais e seu irmão em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial. Na bagagem, trouxe uma câmera Leica e uma Linhof, além de livros sobre fotografia e exemplares da revista Life, uma de suas fontes de inspiração. Estabeleceu-se profissionalmente em 1945, como fotógrafo de indústria, arquitetura e publicidade, iniciando uma longa e expressiva carreira. Em 1947, fotografou para o catálogo da indústria Cristais Prado e, no ano seguinte, fez o primeiro calendário para a Pirelli.

“A partir da década de 1940, o trabalho de Flieg foi profundamente influenciado pela modernidade europeia, aliando o domínio na elaboração formal da imagem fotográfica ao absoluto controle da iluminação, da exposição e do processamento da película”, destaca Sergio Burgi, curador da mostra e coordenador de fotografia do IMS. “Essas imagens extremamente elaboradas, produzidas em sua maioria como trabalhos comissionados, principalmente as fotografias de indústrias e de produtos, direcionam seu trabalho para um novo universo imagético, voltado para o ‘êxtase das coisas’. Nele, a fotografia passa a ser a ferramenta por excelência para o registro e a visualização dos objetos da sociedade industrial”, analisa.

Ao longo de quatro décadas, Flieg registrou o desenvolvimento industrial brasileiro, além de ter documentado o design, a arquitetura e a publicidade no País entre os anos de 1940 e 1980. Fotografou instalações industriais, edificações e objetos que registram esse período, como as imagens de empresas como Willys-Overland, Mercedes-Benz e Marcas Famosas S/A, pioneiras da indústria automobilística no Brasil. Registrou também estandes de grandes indústrias em feiras nacionais, como o da fábrica de calçados Clark na exposição comemorativa do 4° Centenário de São Paulo, em 1954, e o da Mercedes-Benz na Exposição Internacional de Indústria e Comércio, no Rio de Janeiro, em 1960.

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Loja Eletroradiobras (projeto arquitetônico de Majer Botkowski), São Paulo, 1956

Flieg fotografou para grandes agências de publicidade do período, como Standard e Thompson, participando também do 1º Salão Nacional de Propaganda, realizado no Museu de Arte de São Paulo em 1950. No ano seguinte, atuou como fotógrafo oficial da 1a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, organizada pelo MAM-SP. Essas fotografias compõem um importante registro das artes plásticas em São Paulo, como é o caso da escultura Unidade tripartida, do artista suíço Max Bill (1908-1994), hoje integrante do acervo do MAC USP. Além da primeira edição da Bienal, Flieg documentou o circuito das artes do período, incluindo a construção da sede do Masp na Avenida Paulista na década de 1960.

A abertura da mostra, às 11h30, terá a presença do fotógrafo e o lançamento de Flieg. Indústria, arquitetura e arte na obra de Hans Gunter Flieg, 1940-1980, livro com 256 páginas que completa o que se pode considerar um resgate da obra desse importante nome da fotografia modernista brasileira.

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Estande da Mercedes-Benz na Exposição Internacional de Indústria
e Comércio, no pavilhão de São Cristóvão, Rio de Janeiro, 1960

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Refinaria de Cubatão, série para Pirelli, Cubatão (SP), 1955

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