Vivo em constante busca e, nas minhas últimas pesquisas relacionadas a estilos e tendências para acrescentar diferenciais em meus trabalhos de fotografia, encontrei um grande amigo e superpintor, que me alertou para vários aspectos da fotografia fine art. Como costumo dizer, nada é mais produtivo que trocar experiências e aprender com quem sabe.
Daniel de Souza, pintor consagrado há anos e amante da fotografia, vem percorrendo um caminho inverso e fascinante pelo mundo da pintura, com um paralelo perfeito com a fotografia – vale a pena conhecer seu trabalho e sua trajetória (clique aqui).
O trabalho atual dele consiste em desconstruir a fotografia para fazer com que ela se assemelhe mais à pintura e é aí que começa a grande viagem: “Desconstruir a fotografia? Como? Fazendo instantâneos?”. Assim ficou a minha cabeça no momento em que ele começou a explicar o seu processo.
Todos nós fotógrafos já escutamos um dia que um bom fotógrafo tem que entender de pintura e estudar os grandes pintores. Eu mesma falo isso em meus workshops – afinal, a luz e a composição que inspiram a todos nós vêm da pintura. Fotografia não era considerada arte.
Questionei Daniel sobre essa questão e qual relação ele via nesse aspecto; então, percebi que nunca estivemos tão próximos e tão distantes. Isso me fascina!
Fotografar nada mais é que criar e eternizar um instante real. Essa mágica está aliada à composição, produção e técnicas de iluminação ou do uso da luz natural para criar o diferencial de cada um de nós!
Na pintura, você tem algo real na sua frente: uma tela real, em branco, e ali você começa a imprimir aquilo que vai retratar com seu próprio estilo. Percebe? A fotografia parte de algo real e desconstrói para construir.
Há mais ou menos dois anos, Daniel me pediu umas dicas, um monopé, e criou seu próprio método, que denominou “Motion”. Para resumir, o Motion nada mais é que fazer vários frames da mesma imagem com configurações (ISO, abertura, diafragma) diferentes e, depois, através dos layers no Photoshop, criar a imagem. Ele é um mago da pintura digital, levando para dentro do computador seus pincéis e técnicas, digitalizando tudo isso.
Desconstruir, esse é o grande diferencial da pintura em relação à fotografia. Os trabalhos de Daniel estão cada vez melhores, e se percebe claramente que ele busca as cores saturadas do Impressionismo. Porém, no momento dos cliques, ele não tem o menor controle sobre como será o resultado.
Precisamos aprender a nos surpreender com a desconstrução e os erros. O fotógrafo atual, de modo geral, busca tudo esteticamente correto – exposição, composição de preferência cheia de recursos tecnológicos – mas não se dá conta de que, quando temos que improvisar e criar, ficamos mais aptos a fazer arte. Improviso!
Várias vezes questionei o que acontecia com determinada foto que eu gostava tanto e que, na real, não estava tecnicamente perfeita. Daniel explicou-me: isso é simplesmente arte. Conceito, estilo, assinatura.
Aprendi a deixar fluir ideias e nunca me prender a regras – afinal, elas existem para serem quebradas. Já fiz várias fotos que estão tecnicamente “erradas” e que amei. Assim, comecei a entender vários erros espontâneos que eu cometia e que valorizavam a minha fotografia.
Daniel estará em breve ministrando um workshop, no qual vai explicar quais são os principais pintores que de fato podem colaborar e influenciar o trabalho fotográfico, bem como a forma correta de descontruir com conhecimento de causa.
A Photolounge está passando por uma mudança e em breve Daniel estará na nossa galeria fine art, que inaugura este ano. Haverá espaço para novos talentos. Se você tiver algum diferencial, entre em contato.