Fashion Wedding: questão de estilo

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Jamais uma carta aberta por engano repercutiu tanto na vida de tantos casais. Pois foi desse modo inusitado que o fluminense Marcio Sheeny descobriu sua atual profissão, tornando-se após isso companhia de recém-casados em viagens pelo mundo e de apreensivas noivas antes do sonhado “sim”. Fotógrafo diplomado pelo Instituto de Fotografia de Nova York e pelo Centro Internacional de Fotografia (também de NY), sem falar as especializações em fotografia de moda e sensual, Sheeny criou um jeito particular de clicar, ao qual batizou de Fashion Wedding.

Natural de Niterói (RJ), 51 anos de idade, Marcio é um fotógrafo “temporão”. Em 2003, vivendo em Miami, na Flórida, encontrou na caixa de correio uma correspondência endereçada ao vizinho. Sem se dar conta do engano, abriu e viu se tratar do anúncio de uma escola de fotografia. O efeito foi inesperado: “Eu não sei o que aconteceu realmente, mas aquilo ‘bateu’ muito forte em mim e uma série de ‘coincidências’, nos dois dias seguintes, me fizeram decidir me mudar para Nova York para fazer o curso”, lembra. Assim, aos 40 anos, aceitou o convite equivocado e foi aprender uma nova profissão.

“A partir daí, a fotografia mudou a minha vida. Estudava doze horas por dia, assinava e lia todas as revistas de fotografia de língua inglesa no mundo, ia à maioria das exibições de fotografia que acontecia em NYC e treinava muito no estúdio que eu montei na minha casa e em externas no Central Park, ainda com câmeras de filme”.

Sheeny se especializou em books de moda e ensaios sensuais. Porém, quando retornou ao Brasil em 2006 para cumprir seu plano de carreira, percebeu que não poderia manter os mesmos rendimentos atuando nesses segmentos. O foco precisaria mudar.

“Eu já tinha feito alguns casamentos em Nova York, Nova Jersey e na Filadélfia, mas achava muito estressante, porque o casamento nos EUA, se você comete um erro ou uma gafe contra a religião dos noivos (que são várias em NYC), pode receber um sério processo, que poderia até acabar com a sua carreira”, conta o fotógrafo, que encontrou um cenário bem mais propício no Brasil.

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O estilo adotado, porém, foi o dos trabalhos executados no exterior, com influências de moda e fotografia sensual: “Nos Estados Unidos, se fotografa a noiva (e às vezes os noivos juntos) em belíssimas locações externas durante o dia, antes da cerimônia, porque os casamentos, em sua maioria, são de dia. Com isso, o álbum fica muito mais rico e bonito. No Brasil, a maioria dos casamentos é à noite, as noivas não tiravam fotos durante o dia porque ficavam prontas só à noite, para não sujar o vestido e estragar a maquiagem. Eu mudei isso tudo nos meus casamentos”, afirma.

Mas “sequestrar” a noiva momentos antes da cerimônia para executar um editorial de moda em algum lugar exótico e distante tem sua carga de adrenalina. Especialmente o medo delas de que algo aconteça ao figurino, ou que ocorra algum outro imprevisto. “Algumas delas foram feitas até quando estava chovendo, e outras pisaram na água do mar durante as fotos. As noivas que me contratam têm esse perfil”, explica o profissional. Ele costuma dizer às clientes que uma barra de vestido suja é um preço justo a pagar pelas imagens que terão. “O meu lema para as noivas é: ‘No pain, no gain’ [sem sofrimento, sem ganho]. Quanto mais risco, mais incríveis as fotos”, argumenta, raciocinando que, se elas aceitam se submeter a tamanha pressão, é porque confiam em seu trabalho. “Nunca tive nenhum acidente, em dez anos fotografando casamentos assim”, ressalta.

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Marcio Sheeny: o fashion como assinatura (foto: Fernanda Sheeny)

Adepto da luz natural (embora tenha um bem-montado estúdio em Niterói, o ocupa mais como local de atendimento), Marcio tem visto crescer, entre os colegas, o interesse pelo seu trabalho. Com isso, têm surgido convites para participar de eventos como a Semana da Fotografia, congresso que ocorre no mês de março, em Balneário Camboriú (SC). Ele tem recebido igualmente solicitações da sua rede de contatos na internet, porém não acredita que o que está fazendo possa ser considerado uma tendência: “Espero até que não, mas a partir do momento em que o meu estilo ficou mais conhecido, vejo fotógrafos que entram em contato, dizendo que se identificaram com ele. Particularmente, se eu não conseguisse colocar a minha linguagem autoral nos casamentos que eu fotografo, não teria a mesma paixão pelo meu trabalho”, avalia.

Além dos editoriais, Marcio é bastante requisitado para fotografar os noivos em viagens de lua de mel, no estilo Trash the dress. Em sua opinião, não se trata de um produto, mas de um sonho de consumo. “A noiva vai estar com o seu vestido de casamento, na cidade que ela sempre sonhou estar, sendo fotografada pelo fotógrafo que ela escolheu”, descreve, garantindo que todas se emocionam muito ao verem o álbum de fotos. “Pelo menos, as minhas noivas abrem mão de muitas coisas para terem esse sonho realizado”, destaca.

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Photographer

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