Aqui em Florianópolis (SC), nossas sessões fotográficas são sempre feitas em locações externas. A natureza é exuberante e o casal fica feliz da vida. Principalmente, quando são pessoas de outras regiões do país.
Quando o clima não colabora, procuramos transferir os eventos. Mas, quando não é possível, aí a gente sempre dá um jeitinho. O que eu procuro fazer é justamente incorporar a característica do dia nas fotos. Ou seja, se estiver chovendo, vamos buscar pingos de chuva caindo, reflexos etc., se estiver ventando, vamos de vento nos cabelos e assim por diante. Não dá é para perder o astral.
A principal preocupação dos fotógrafos é com relação ao equipamento, mas basta levar sempre na mochila uma embalagem plástica para proteger da chuva. Eu, por exemplo, uso um saco plástico comum. Sempre tenho comigo, é muito útil.
Na foto que abre este artigo e nessas logo abaixo, temos o casal Claudia e Daniel na praia do Campeche, pirando num dia para lá de feio. Para eles não estava tão ruim assim. E ficou ótimo. O importante nesses casos é enfatizar mais as expressões do casal que valorizar o fundo ou o cenário.
Na situação abaixo, utilizei uma luz diferente. A nossa fotografia muda de acordo com a nossa vivência. Então, sempre é válida a experimentação. Busque sempre coisas novas. Nessa época eu havia comprado há pouco tempo um radioflash Pocket Wizard Manual. Então, estava fotografando com uma 80-200 milímetros, bem distante do assunto. Hoje, talvez eu usasse menos potência na contraluz.
Em algumas ocasiões, não é só a questão do tempo que atrapalha, mas a iluminação do local, pois em função do vento ou da chuva a gente procura algum cantinho mais protegido. E quase sempre o local escolhido é escuro ou sujo. O quê fazer? Simples: esconder o que não se quer e mostrar somente o assunto principal.
Aqui estava um breu total, porém havia essas cestas de pesca que criavam uma textura de fundo muito legal. Usei o flash fora da câmera com um acessório difusor e minicolmeia, com filtragem para amarelo. Resolvida a questão. O segredo está no ângulo em que será colocada essa fonte de luz, na potência e principalmente na equalização entre o fundo e o assunto principal.
Mas é como temperar um prato. Vai do gosto de cada um. Não existe o certo ou o errado. Prevalecerá sempre o bom senso e o gosto pessoal. O estilo fotográfico irá influenciar totalmente no resultado.
Este caso foi superengraçado. A noiva, Natália, havia casado na sexta-feira. No sábado, fotografei um outro casamento e na segunda-feira ela entregaria o vestido. Ou seja, abri uma exceção e lá fomos nós trabalhar em pleno domingo, feio e chuvoso (ossos do ofício…).
O resultado tem que aparecer, não importa a situação. Começamos a sessão pelo centro da cidade, na Praça XV, porém a chuva apertou e sugeri que fôssemos ao shopping para concluir as fotos. Veja o resultado! Não preciso dizer que paramos o shopping center naquela tarde.
Esta foto ficou muito conhecida na época em que a fiz. Todas as noivas queriam repeti-la, no mesmo local, porém seria impossível. Não se consegue repetir uma cena dessas. Ela só aconteceu porque estávamos em uma praia ao lado, onde surgiu uma tempestade e um vento muito forte. Procuramos um local mais protegido e eis o resultado.
Ou seja, ter que fotografar debaixo do mau-humor de São Pedro não é sinônimo de tragédia. O negócio é aproveitar as condições adversas para compor imagens diferentes, criativas e que permaneçam como uma boa lembrança para o casal.
- Gaúcho residente em Florianópolis (SC), JULIO TRINDADE fotografa profissionalmente desde 2004 e vem se destacando no cenário brasileiro quando o assunto é fotografia de casamento. Desenvolve paralelamente um trabalho didático em workshops e palestras sobre fotografia pelo país. Site: www.juliotrindade.com.br.
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