Fotos do mestre da luz Martín Chambi no IMS

002074MCH-08
Martín Chambi em Huayna Picchu, Machu Picchu, 1939
002074MCH062
Organista na Capela de Tinta, Sicuani, 1935

A partir desta quinta-feira (2), o Instituto Moreira Salles (IMS) de São Paulo abre a exposição Face andina – Fotografias de Martín Chambi no acervo do Instituto Moreira Salles, com fotos do grande fotógrafo peruano. A mostra reúne 88 fotografias e 23 postais de Martín Chambi (1891-1973), nome que melhor traduziu, em imagens, o sentimento dos povos do altiplano.

“A magia de Chambi pulsa em suas fotografias”, escreveu o Nobel de literatura e compatriota Mario Vargas Llosa. “Magia que o distingue de todos os fotógrafos com quem os críticos o tentam comparar, desde August Sander a Nadar, passando por Edward Weston, Ansel Adams, Irving Penn ou ainda Abraham Guillén”, ressaltou Llosa.

002074MCH052
Dois gigantes cusquenhos, 1925

As imagens da exposição pertencem ao acervo fotográfico do IMS e foram realizadas entre 1919 e 1948. Elas são provenientes do Archivo Fotográfico Martín Chambi e foram selecionadas e ampliadas a partir dos negativos originais de vidro nos anos 1980 por Teo Chambi, neto do artista, cujo relevo da obra só foi devidamente reconhecido quatro anos após sua morte, graças ao trabalho dos filhos Victor e Julia Chambi e do fotógrafo e antropólogo norte-americano Edward Ranney, que catalogaram o acervo de 14 mil placas de vidro e o fizeram circular em exposições em importantes museus.

Face andina conta também com 23 fotografias originais de época em formato de cartão-postal, parte de um conjunto maior de mais de mil imagens do Peru reunidas no acervo do IMS que contextualizam e reafirmam a importância da obra de Martín Chambi como representação fotográfica maior da face e da cultura andinas no continente sul-americano.

“Meu povo fala por meio das minhas fotografias”, anotou Martín Chambi em 1936. Nascido no povoado de Coasa, próximo ao lago Titicaca, começou a fotografar ainda jovem, como assistente de fotógrafo na Mineradora Santo Domingo, na cidade de Cambaya, para onde seus pais se mudaram impulsionados pelo ciclo do ouro na região. Já em Arequipa, em 1908, teve como mestre Max T. Vargas, célebre fotógrafo local, com quem trabalhou até montar seu próprio estúdio, em Sicuani, nove anos depois.

002074MCH-02 2
Vista panorâmica da Machu Picchu, 1925

Chambi se dedicou a registrar a população nativa do seu país, principalmente as etnias Quéchua e Aymará. Por sua origem indígena, buscou uma abordagem diferenciada da forma exótica comum à época. Registrou a humildade da vida andina sem desrespeitá-la, tornando seu trabalho reconhecido mundialmente, tanto pelo caráter etnográfico quanto pelo aspecto artístico. Um dos primeiros a fotografar Machu Picchu, a cidade sagrada dos incas, descoberta em 1911, Chambi ficou também conhecido como fotojornalista, tendo trabalhado nos jornais locais de Cusco e publicado em veículos de outros países, como no jornal argentino La Nación e na revista National Geographic.

A exposição fica em cartaz até 2 de fevereiro de 2015. A entrada é gratuita. Mais sobre a mostra aqui.

banner-estudio-evolution1

Artigos relacionados