Em “Guarapuava”, Valdir Cruz celebra terra natal

Está em cartaz no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo – onde permanece até 22 de junho – a exposição Guarapuava, com imagens do fotógrafo Valdir Cruz. As obras são parte do livro homônimo que o artista lançou no início do mês, com prefácio do pesquisador Rubens Fernandes Junior e entrevista do autor à curadora do Museum of Fine Arts de Houston, Anne Tucker.

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“Mulher Cigana”, foto que estampa a capa do livro

A obra saiu pela editora Terra Virgem (168 págs., R$ 150) e reúne 90 imagens (das quais 40 estão na exposição). Valdir Cruz mora nos Estados Unidos desde 1978, mas decidiu prestar tributo à sua terra natal, Guarapuava, cidade paranaense distante 240 quilômetros de Curitiba. Trabalho que ele executou ao longo dos últimos 30 anos, esforço que resultou em 4.500 negativos de filmes preto e branco de formatos variados. As imagens do livro foram escolhidas por ele próprio e formam o que Valdir classifica como um documentário socioambiental que registra a transformação cultural inevitável do município durante os últimos 30 anos.

Rubens Fernandes Junior elogia a abordagem do artista: “Nada é clichê nesse ensaio que estabelece relações com o melhor da fotografia documental, que trava uma silenciosa batalha com aquilo que representa, e abre um campo narrativo que contempla diversas tendências de investigação visual – da mais tradicional às mais contemporâneas”.

Já Anne Tucker detecta certa “tensão” no trabalho do fotógrafo, nem sempre visível, porém: “Há muitas dicotomias no seu trabalho. Uma delas é o seu estilo apaixonado de documentários e outro é a forma com que você mantém uma qualidade primorosa de impressão”, comenta a curadora, que conheceu Cruz em 1994, ao adquirir a fotografia Mulher Cigana para o Museum of Fine Arts de Houston. Essa imagem, que estampa a capa de Guarapuava, também faz parte de importantes acervos como o do Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York.

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“A fotografia é uma das formas com que posso apresentar aos outros as pessoas e as histórias de Guarapuava. Tenho imagens de Guarapuava em umas doze coleções de museus nos Estados Unidos. Esse nível de interesse me encoraja a acreditar que esse é um projeto documentário visual muito forte”, afirma Valdir Cruz, que fará sua exposição cair na estrada.

Depois do MIS, ela visitará Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer (agosto), e Guarapuava, na Unicentro (dezembro). Haverá ainda novas mostras de Valdir Cruz com seleções das imagens de Guarapuava e de outras séries – como Raízes e Bonito – na Bolsa de Arte de Porto Alegre e na inauguração da galeria dessa instituição em São Paulo (abril e maio); em Salvador, na Darzé Galeria de Arte (julho) e na Galeria SIM, em Curitiba (agosto). No exterior, a mostra e o livro serão apresentados na Throckmorton Fine Art de Nova York, em setembro.

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