Roberto Badin e o still life “humanizado”

Segundo a cartilha de Roberto Badin, a fotografia de produtos – também chamada still life – exige curiosidade, sensibilidade e concentração. Conhecimento de iluminação é outro requisito desse segmento, que lida basicamente com objetos. No seu caso, entretanto, o elemento humano não pode faltar. Herança, talvez, do início como fotógrafo de moda. Carioca, 47 anos de idade, Roberto vive na França desde o final dos anos 1980 e lá começou a carreira.

“Nos meus primeiros anos, desenvolvi um trabalho como fotógrafo de moda, mas aos poucos fui direcionando o meu interesse para o still life. Hoje, meu portfolio se situa essencialmente entre esses dois universos fotográficos, mas também sou chamado para clicar landscapes, arquitetura etc.”, explica Roberto.

Apaixonado por arquitetura, fã da obra de Oscar Niemeyer, Roberto passou por Nova York e Buenos Aires antes de se fixar em Paris. Já no início dos anos 1990, seu trabalho aparecia em capas de revistas de moda francesas e internacionais.

Porém, segundo recorda, foi um começo difícil, em função da concorrência acirrada que havia. Atualmente, os desafios no mercado internacional são outros: “Mudou muito nos últimos três ou quatro anos, com a crise financeira que está atravessando a Europa. Junto a isso, o digital e o 3D chegaram ao mercado, modificando as criações e a maneira de se trabalhar”, destaca.

Roberto produz também em vídeo: “É uma linguagem bem diferente da fotografia, principalmente de still life. É necessário pensar no ritmo, na edição, nos enquadramentos e também na musicalidade das imagens”, diz.

O carioca vê na sua opção pela fotografia de produtos, não uma mudança de foco, mas uma evolução do olhar. Para ele, o desafio está em criar um “clima” em torno de um objeto, utilizando um enquadramento mais fechado para dar margem a interpretações do que esteja em volta da cena. Além disso, o fato de colocar pessoas nas imagens confere um sentido particular ao seu still life: “O importante é manter-se curioso e encontrar inspiração em vários campos”, afirma.

Até o início da semana, uma exposição sobre a bolsa carro-chefe da marca Lady Dior esteve em São Paulo. Roberto Badin deu sua contribuição, ao lado de nomes conhecidos da fotografia fashion, como Patrick Demarchelier e Ellen von Unwerth. Uma oportunidade que veio a calhar, pois sua prioridade no momento é divulgar o trabalho no país: “O desenvolvimento criativo no Brasil está muito interessante”, avalia. Seria o ensaio para um futuro retorno? “Quem sabe? Vontade é o que não falta!”

 

 

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